Marcelo, Michel Miguel e o burrico

Mesmo com a confirmação por parte de Marcelo Odebrecht dos milhões para o PMDB, Temer continua numa boa


Por Rafael Mendonça

Brasília - Presidente Michel Temer discursa durante lançamento do Programa de Renovação da Frota de Ônibus do Sistema de Transporte Público do Brasil, o Rrefrota 17 (Marcos Corrêa/PR)

Nesta quarta-feira foi noticiado pela ‘grande’ imprensa que Marcelo Odebrecht confirmou o conteúdo da delação de seu ex-executivo Cláudio Melo Filho de que, a pedido de Temer, a empreiteira jorrou R$ 10 milhões na algibeira do PMDB.

Uma notícia dessa em um país sério seria para varrer como um furacão o Planalto Central. Ir derrubando os prédios dos ministérios um a um até o último cair em cima do Palácio do Planalto.

Mas, enfim, estamos no Brasil. Um país que parece não sair de uma enorme bad trip de ácido. Não interessa se o herdeiro Marcelo carimbou que está todo mundo envolvido, incluindo o presidente tampão, ou se a água já passou do pescoço para essa turma. O que interessa é que o jogo que está sendo jogado é uma briga de gangues no melhor estilo Warriors/ Bronx anos 70.  

O Brasil está como se fosse aquela brincadeira mexicana das crianças batendo para quebrar o burrico e pegar as balas. Mas na verdade o burrico é o Brasil, as crianças são as diversas gangues partidárias, os tacos são a mídia e o prêmio é o butim do dinheiro público. E os cacos dessa brincadeira são a sociedade brasileira.

E no meio do caos, ficamos tentando entender como as coisas funcionam. Não dá mais para ser ingênuo e achar que “as instituições estão funcionando normalmente”. Como bem disse o jornalista José Antônio Lima em seu Twitter “não parece ser uma coincidência que os vazamentos atinjam sempre os alvos selecionados pelos investigadores, ou pelo juiz no caso de Lula. (…) Estamos vendo o corpo corrupto de Brasília duelar com o corpo autoritário dos investigadores. É grave”.

Sim isso é muito grave. Para as “instituições”, que obviamente não estão funcionando nada normalmente. Para a democracia brasileira, essa criança frágil e ingênua. Nem para a combalida, perturbada e meio burrinha sociedade.