Painel político é recusado em exposição

Linhas do Horizonte denuncia censura em mostra na Biblioteca Pública. Secretaria nega.


Por José Antônio Bicalho

Um painel

TEPRODUÇÕA

produzido coletivamente pelo grupo de bordadeiras Linhas do Horizonte, de BH, foi recusado pela coordenação da exposição “Belo Horizonte – Pontos Bordados”, que será aberta no dia 11/12, na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Luiz de Bessa). O motivo alegado foi o tema “político” e o caráter “muito forte” do painel. O Linhas do Horizonte afirma em seu Facebook que considera a recusa um ato de censura.

O tema da exposição é o aniversário de 120 anos de Belo Horizonte, a ser comemorado em 12 de dezembro. A mostra reúne trabalhos confeccionados no curso de bordados da biblioteca e também por artistas convidados. Os bordados retratam “pontos turísticos da cidade e sua beleza arquitetônica e natural”, conforme descrito no site da biblioteca.

O painel produzido pelo Linhas do Horizonte reproduz uma manifestação popular e política na Praça da Estação Ferroviária, com várias bandeiras de movimentos progressistas e de esquerda (comunista, LGBT, feminista, UNE, MST) junto às bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e de Belo Horizonte. Também traz a frase “Golpe não”.

Segundo uma das coordenadoras do grupo, Leda Leonel, o painel foi entregue na quarta-feira. Na noite do mesmo dia, a coordenação do curso teria pedido modificações na obra, com a retirada da palavra Golpe e dos símbolos políticos. “Logicamente, recusamos o pedido”, disse Leda. Na quinta-feira, o grupo buscou o bordado e denunciou a censura na internet.

Ao tomar ciência da denúncia, a direção da Biblioteca entrou em contato com o grupo e pediu o retorno do painel à exposição. Mas, por decisão da maioria dos integrantes, o pedido foi recusado. “A censura aconteceu, isso é fato. Mesmo que tenha partido de um funcionário, ele estava representando o Estado. Então, é preciso marcar posição para que este tipo de coisa não se repita”, disse Leda.

O Linhas do Horizonte, que participa ativamente de manifestações sociais e políticas na cidade, pretende fazer do painel “uma bandeira contra a censura”, segundo Leda.

Ontem, por conta do feriado, O Beltrano não conseguiu contato com a direção da Biblioteca Pública, nem com a coordenação da exposição.

Na tarde deste sábado (09) a Secretaria de Cultura divulgou uma nota. Leia na íntegra:

A Secretaria de Cultura e a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais informam que o bordado realizado pelo coletivo Linhas do Horizonte não foi alvo de nenhuma reprovação, julgamento ou comentário por parte da organização da exposição Pontos Bordados, que será aberta na próxima segunda (11). Realizada em celebração ao aniversário de 120 anos de Belo Horizonte, a mostra é resultado de uma oficina de bordado que aconteceu durante doze meses, envolvendo cerca de 65 pessoas, a maioria da terceira idade, além de alunos da escola de moda da UEMG. Tanto a oficina quanto a exposição têm coordenação do Projeto Mãos que Bordam, encabeçado pela professora e psicopedagoga Fátima Coelho.

A partir dessa curadoria inicial, o Projeto Mãos que Bordam informa que também recebeu bordados de outros realizadores convidados a participar da mostra, entre eles o coletivo Linhas do Horizonte, cuja história de bordado político em defesa da democracia, da justiça e das liberdades é amplamente conhecida. Em nenhum momento a peça foi recusada ou considerada inapropriada. A mostra será realizada no segundo andar da Biblioteca, e como o espaço é limitado, naturalmente é feita uma avaliação curatorial dos bordados apresentados. O trabalho do Linhas do Horizonte foi entregue a uma servidora da Biblioteca. Ela informou que iria encaminhá-lo à direção da Biblioteca Pública Estadual, como ocorre em todos os eventos realizados nas dependências do local. A obra ainda nem havia chegado às mãos da direção, mas surpreendentemente um texto foi postado nas redes sociais informando que houve censura, o que obviamente não aconteceu. Lastimamos que a sequência dos fatos acontecidos, da exata forma acima descrita, tenha sido interpretada como censura. A organização da exposição informou ao coletivo Linhas do Horizonte que mantém o interesse em exibir o belo bordado confeccionado. A Biblioteca Pública Estadual é um espaço de convergência cultural, democrático e aberto a todos.

Por José Antônio Bicalho

Reprodução Linhas do Horizonte

Um painel produzido coletivamente pelo grupo de bordadeiras Linhas do Horizonte, de BH, foi recusado pela coordenação da exposição “Belo Horizonte – Pontos Bordados”, que será aberta no dia 11/12, na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Luiz de Bessa). O motivo alegado foi o tema “político” e o caráter “muito forte” do painel. O Linhas do Horizonte afirma em seu Facebook que considera a recusa um ato de censura.

O tema da exposição é o aniversário de 120 anos de Belo Horizonte, a ser comemorado em 12 de dezembro. A mostra reúne trabalhos confeccionados no curso de bordados da biblioteca e também por artistas convidados. Os bordados retratam “pontos turísticos da cidade e sua beleza arquitetônica e natural”, conforme descrito no site da biblioteca.

O painel produzido pelo Linhas do Horizonte reproduz uma manifestação popular e política na Praça da Estação Ferroviária, com várias bandeiras de movimentos progressistas e de esquerda (comunista, LGBT, feminista, UNE, MST) junto às bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e de Belo Horizonte. Também traz a frase “Golpe não”.

Segundo uma das coordenadoras do grupo, Leda Leonel, o painel foi entregue na quarta-feira. Na noite do mesmo dia, a coordenação do curso teria pedido modificações na obra, com a retirada da palavra Golpe e dos símbolos políticos. “Logicamente, recusamos o pedido”, disse Leda. Na quinta-feira, o grupo buscou o bordado e denunciou a censura na internet.

Ao tomar ciência da denúncia, a direção da Biblioteca entrou em contato com o grupo e pediu o retorno do painel à exposição. Mas, por decisão da maioria dos integrantes, o pedido foi recusado. “A censura aconteceu, isso é fato. Mesmo que tenha partido de um funcionário, ele estava representando o Estado. Então, é preciso marcar posição para que este tipo de coisa não se repita”, disse Leda.

O Linhas do Horizonte, que participa ativamente de manifestações sociais e políticas na cidade, pretende fazer do painel “uma bandeira contra a censura”, segundo Leda.

Ontem, por conta do feriado, O Beltrano não conseguiu contato com a direção da Biblioteca Pública, nem com a coordenação da exposição.