Acaba, logo, pensamento mágico!


Por Silvana Mascagna

 

“Acaba logo, 2016!”. A frase mais lida e ouvida nos últimos meses virou o pensamento mágico (aquele termo usado pela antropologia, psicologia e ciência cognitiva, para descrever um raciocínio causal que procura correlações entre ações ou elocuções e determinados eventos) de pessoas de vários gêneros, credo, raça ou idade desencantadas com os acontecimentos trágicos e dolorosos deste aninho sem-vergonha. E, de uma hora para outra, todos parecemos acreditar naquela musiquinha manjada que costumamos cantar no réveillon: “que tudo se realize no ano que vai nascer”.

Não, gente, o fato da Terra estar prestes a dar mais uma volta completa em torno do Sol não significa que, num passe de mágica, tudo vai ficar bem (lembrem-se sempre que David Bowie nos deixou no décimo dia de 2016, quando ainda acreditávamos que o ano recém-nascido seria muito melhor que 2015).

Mesmo porque muitas das tragédias foram apenas anunciadas em 2016, mas elas vão acontecer mesmo a partir de 2017. É o caso de Trump e de Crivela, por exemplo. Mas não só. A temível reforma da Previdência deve virar realidade a partir do primeiro semestre do ano que vem. Isso, dentre outras sandices que ainda sairão da cabeça do nosso eterno impostor e seu Congresso desalmado.

Então, infelizmente, 2017 não virá em um cavalo branco para nos salvar de 2016, o genocida que passou feito um tsunami, levando nossos sonhos de um país/mundo minimamente decente e muitos de nossos ídolos.

Então, deixemos os pensamentos mágicos de lado e, se for pra acreditar em algo, que seja na força que o homem tem de reverter adversidades, desde sempre.

Dá até pra contar com a ajuda de Oxóssi, o regente de 2017. Dizem os especialistas que o jovem, líder e dinâmico orixá adora quebrar tabus e é chegado no povo que fala mais alto e que se torna mais forte que seus governantes.

Venha, então 2017, com a bênção de Oxóssi! Okê Arô,!

Acaba logo, 2016!

Crônicas

Silvana Mascagna

Jornalista paulista, que escolheu Belo Horizonte há 20 anos para viver