Adélia Prado leva o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2016

Uma ocasião,meu pai pintou a casa todade alaranjado brilhante.Por muito tempo moramos numa casa,como ele mesmo dizia,constantemente amanhecendo.Impressionista - Adélia Prado


Adélia Prado (foto: flickr Ministério da Cultura)

 

A poetisa Adélia Prado venceu o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2016 na categoria Conjunto de Obra. Ela foi escolhida, por unanimidade, pelo júri composto pelos professores Guiomar de Grammont (UFOP), Ruth Silviano Brandão (UFMG) e Luis Augusto Fischer (UFRS). 

Com mais de 20 livros lançados entre poesia, prosa e antologias, a mineira de Divinópolis nasceu em 1935. Sua formação é em Magistério e Filosofia. Em 1976, publicou “Bagagem”. Já em 1978 foi a vez de “O coração disparado”, que foi agraciado com o Prêmio Jabuti. Sua estréia em prosa se deu no ano seguinte, com “Solte os cachorros”. Em seguida publica “Cacos para um vitral”. Em 1981 lança “Terra de Santa Cruz” e em 1984 “Os componentes da banda”. Em 1991 é publicada sua “Poesia reunida”. Em 1994, após anos de silêncio poético, ressurge com o livro “O homem da mão seca”. Em 1999 são lançados “Manuscritos de Felipa”, “Oráculos de maio” e sua “Prosa reunida”.

 

 

Segundo Ruth Silviano Brandão, a obra de Adélia Prado inaugurou na literatura brasileira uma poesia que se abriu para o feminino, o erotismo e o místico. E com uma dose de humor que aponta para o cotidiano e para a simplicidade, sem nunca cair na facilidade dos estereótipos e que permanece com seu vigor na cena literária. “A obra de Adélia revela um trabalho de escrita inovador, às vezes paradoxal e surpreendente, até o momento atual, pois, como afirma em um de seus poemas, ‘A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,/foi inventada para ser calada’”, afirma a professora Ruth.

Grande admiradora da poeta, Guiomar de Grammont não poupa elogios quando o assunto é a poesia de Adélia. “Em sua obra se imbricam o sagrado e o profano, as referências clássicas e quotidianas, em um quadro simbólico de peculiar originalidade trazendo para a literatura as imagens que caracterizam o imaginário barroco”, afirma Guiomar.

Já para o professor gaúcho Fischer Adélia Prado é uma das escassas figuras de indiscutível primeiro plano na literatura brasileira atual, ao lado de talvez mais dez ou doze escritores. “Ela é autora de obra relevante em todos os sentidos cabíveis: não é desconhecida de nenhum leitor culto, conta com muitos leitores apaixonados, é objeto de importantes estudos acadêmicos e empolga até na forma adaptada para teatro”, afirma Fischer. Ainda segundo o professor, Adélia representa, como todo grande escritor, um ponto singular no panorama geral de seu tempo e de sua língua, com uma dicção e um temário inconfundíveis. “Ela calha de ser uma escritora, uma mulher que escreve e que tematiza sua condição, o que, no contexto da história do prêmio Minas, se reveste de importância específica”, completa.