Assassinato do Esporte (parte dois)

Por Ivan Drummond

Tentem responder. Por que não temos mais esporte como antigamente? Existem culpados, que precisam ser responsabilizados. Como tudo aconteceu? Para esclarecer, dou sequência à coluna anterior.

Geraldo Aloísio Dufles Teixeira, o Ísio, que foi jogador, técnico e presidente do Ginástico, lembra muito dessa época. “Foi durante a gestão de Eduardo Azeredo, na Prefeitura de BH que se começou a falar nisso e começaram as campanhas. O PT usava fotos do clube campestre do Cruzeiro. Mostravam mulheres tomando banho de sol e diziam elas eram ‘as madames’. Que os ricos na piscina se fartavam e não pagavam IPTU por essa diversão. Enquanto pobres tinham de pagar o imposto”.

Não era bem assim. Usaram como exemplo um clube não promovia o esporte. Dois vereadores, segundo Ísio, se posicionaram em favor dos clubes. Patrus Ananias e Arutana Cobério.

“Eles entenderam que, na verdade, os clubes investiam nos esportes e tentaram convencer outros vereadores sobre a importante desse trabalho. Mostraram que os clubes realizavam trabalhos sociais. Mas acabaram vencidos. E o imposto para os clubes foi criado. Patrus e Arutana mostraram que o ganho seria insignificante para a receita da Prefeitura, e que esse dinheiro seria muito importante para o trabalho dos clubes na área esportiva.”

Houve reação na época. Os clubes se uniram e decidiram pela desobediência. Como protesto, não pagaram o novo importo.

“A gente se reunia no Minas. Todos os clubes participaram disso. Mas Minas e PIC acabaram roendo a corda e pagaram o imposto. Foi o fim do movimento”, conta Ísio, que lembra que muitos projetos sociais dos clubes foram extintos por conta do IPTU.

A consequência da taxação sobre os clubes é que vários deles acabaram. Um, para pagar o imposto, o Barroca, acabou sendo obrigado a vender parte de suas instalações para uma construtora. Outro, dos mais tradicionais no basquete, o XV Veranistas, não existe mais.

Essa é a triste realidade do esporte especializado em BH. E o pior é que os mandatários que vieram a seguir não fizeram nada para consertar o erro.