Dias de luta
Por Rafael Mendonça
A Mostra de cinema de Ouro Preto tem uma particularidade que faz do evento o mais legal da área no Brasil. Trata-se de coisa simples e honesta. A Universo Produções, produtora da mostra, valoriza a turma que nunca é devidamente badalada. Os homenageados são pesquisadores, montadores, roteiristas, educadores e outros profissionais tão fundamentais para o cinema quanto diretores e atores.
Chega a emocionar a alegria desse pessoal no foco das atenções, de coração aberto para conversar, interagir e, finalmente, receber a luz que talvez uma vida de trabalho não tenha jogado sobre eles. A emoção de Antônio Leão, colecionador, pesquisador e escritor, ao receber homenagem na abertura do evento valeu todo o esforço da cobertura jornalística.
Poucos festivais, mostras ou eventos em geral, de qualquer área, se preocupam em valorizar os profissionais que, na produção, se costuma chamar de “turma da graxa”. E aqui em Ouro Preto os olhos estão todos voltados para eles.
O dia a dia dessa turma envolve noites mal dormidas e exaustivas jornadas de trabalho, seja carregando coisas, escrevendo, editando ou resolvendo os inevitáveis problemas que cercam a produção audiovisual. E esse reconhecimento é fundamental para manter a chama acesa.
Junto a isso acontece, aqui, o encontro de outra tribo enorme de abnegados, a turma dos projetos de cinema e educação. Estamos falamos de professores, alunos e pesquisadores que desenvolvem formas de ensinar cinema e de usar o cinema para ensinar. Ensinar não somente como transmitir, mas transformar.
Toda essa confluência de vontades e pessoas formam um rio caudaloso de sentimentos e vontades. São preservadores, educadores e funcionários do mundo cinematográfico que saem daqui com mais ânimo e garra para a luta.
Foram dois dias aqui, a convite do CineOP, cinco entrevistas que vão ao ar no decorrer da próxima semana. O restante da cobertura do evento por O Beltrano ficará a cargo de Lucas Simões. Também saio daqui com as energias renovadas.
Cultura e outras coisas
Rafael Mendonça
Jornalista, editor do site O Beltrano, editor da extinta revista ‘Graffiti 76% quadrinhos’, editor do Baderna Notícias e cuidador da própria vida.