Dilma coloca Aécio contra as cordas
Ex-presidenta muda domicílio eleitoral para Minas e deve ser candidata ao Senado
Por Lucas Simões e José Antônio Bicalho
Publicado em 06/04/2018
A mudança do registro eleitoral da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), do Rio Grande do Sul para Minas Gerais, acontecido nesta tarde (06/04), aponta claramente que ela pretende ser candidata ao Senado por seu Estado natal (ela nasceu e, da infância à juventude, morou em BH). Com isso, a petista coloca seu ex-adversário, derrotado na última eleição presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB), contra as cordas.
Num dia emblemático para o país, no qual todas as atenções se voltaram para a iminente prisão do ex-presidente Lula, Dilma Rousseff esteve em Belo Horizonte para mudar seu registro eleitoral junto ao Tribunal Regional de Minas Gerais (TER-MG), na avenida Prudente de Morais, na Cidade Jardim. De acordo com as normas do TRE, ela colheu assinatura, digitais, fez fotos e cadastrou seu novo endereço de residência, no último dia da janela para mudança de domicílio eleitoral para quem pretende ser candidato nas eleições de novembro deste ano.
Dilma foi recebida por centenas de manifestantes das esquerdas que a aguardavam na porta do TRE-MG, com presença maciça de mulheres. Apesar de não cravar sua candidatura ao Senado, ela disse que participará das campanhas deste ano, inclusive para Lula presidente.
“Eu venho muito aqui (em Belo Horizonte), então achei que seria bom estar com meu título eleitoral aqui, porque uma coisa vocês podem ter certeza, campanha eu vou fazer. Candidata ao Senado ou não, eu vou fazer campanha. Por que eu acho que o Brasil precisa de uma transformação. Acho que o Brasil precisa se reencontrar consigo mesmo. Acho que o Brasil precisa de um processo de pacificação, que só é possível se nós tivermos eleições diretas. Eu participarei da campanha de 2018 em qualquer condição”, afirmou.
Em fala rápida, mas bastante enérgica, Dilma manifestou a vontade de estar com Lula nesta sexta, às 17h, prazo dado pelo juiz Sérgio Moro para o ex-presidente se apresentar à Polícia Federal, em Curitiba. Lula, porém, está em São Bernardo do Campo, em grande mobilização petista contra a sua prisão.
“Espero que o Lula seja candidato em 2018. Além de esperar, eu vou lutar para que ele seja”, disse a ex-presidenta.
Se Dilma for de fato candidata ao Senado por Minas, ela colocará o senador Aécio Neves contra as cordas, já que reeditará o embate da última disputa à Presidência da Republica. Se concorrer ao cargo majoritário, Aécio corre o risco de não conquistar nenhuma das duas vagas ao Senado abertas para Minas neste ano. Se escolher a candidatura a deputado federal, será acusado de covardia.
Prazos
Ontem foi o último dia para a troca de partido ou mudança de domicílio eleitoral para os pretendentes à candidatura nas eleições deste ano, seja a cargos majoritários ou legislativos. O prazo para o registro das candidaturas vai até 15 de agosto.
Ontem, em frente ao TRE, lideranças petistas avaliavam o que muda com a possível candidatura de Dilma ao Senado por Minas. Como são suas vagas ao Senado, e são muitos os pré-candidatos, a dobradinha de Dilma e Adalclever Lopes (PMDB) era cogitada como a mais provável, mas tendo ainda Jô Moraes (PCdoB) no páreo. A troca de partido do empresário Josué Alencar (filho de José Alencar, vice-presidente de Lula), que deixou o PMDB pelo PR, é tida como sinal de que pretende ser candidato a vice-governador na chapa para reeleição de Fernando Pimentel. Jô Moraes também é cogitada.
Confusão
Pouco antes de Dilma chegar ao TRE, houve duas tentativas de agressão aos militantes que aguardavam a ex-presidente. Um homem lançou uma bomba de dentro de um carro, na porta do TRE. A PM não localizou o suspeito. Depois, um jovem provocou os manifestantes, dizendo que eles teriam recebido dinheiro para apoiar Dilma e Lula. Ele precisou ser escoltado pela tropa de choque para ir embora.