“Estou passando fome, Kalil”
Por Lucas Simões
Incansáveis, os camelôs deram sequência aos protestos pelo quarto dia seguido, nesta quinta-feira (6/7), por todo o hipercentro de Belo Horizonte. Enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte fazia o sorteio dos ambulantes interessados em migrar para shoppings, uma multidão de camelôs se manifestou contra o processo levado adiante pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS).
À tarde, na rua da Bahia, no cruzamento com a Afonso Pena, dezenas de trabalhadores gritavam exigindo a presença de Kalil. O prefeito acompanhava o sorteio realizado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, no segundo andar da sede da Beloutur, também no Centro. Ele chegou a aparecer na janela do edifício, mas não desceu para conversar com os ambulantes.
A PBH realizou sorteio de 1.547 vagas em dois shoppings populares, que fizeram propostas ao Executivo: o Uai Centro, na rua Saturnino de Brito, no Centro, e o Uai O Ponto, na rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova. Centenas de camelôs se aglomeraram na sede da Belotour para aguarda o sorteio, enquanto outro grupo se recusou a aceitar a proposta do prefeito.
A principal reivindicação dos ambulantes é o fim da repressão à presença dos camelôs nas ruas. “A gente está passando fome. Minha neta pede comida e eu não sei o que falar. O Kalil tem que entender que não se resolve um problema assim. Eu sou filha de peixeiro, vivi a vida inteira vendendo nas ruas, coisa comunitária, de uma vida simples. Não sou de shopping. E, agora, estou há quase uma semana sem orçamento. É inacreditável. Kalil, eu estou passando fome. Será que ele consegue ouvir isso?”, desabafou a ambulante Sônia Gonçalves, 42.
Vários camelôs denunciaram que pessoas contempladas neste primeiro sorteio da Prefeitura para ocupar boxes em shoppings populares nunca teriam trabalhado nas ruas. “A moça ali na fila me falou que nunca foi camelô. Nunca trabalhou na rua, e agora vai ter um box. Tá certo?”, questionou o vendedor de frutas André Fernando, 28.
Confira o vídeo com os protestos desta quinta-feira (6/7) dos trabalhadores: