Lula dispara contra Aécio

Por Kerison Lopes

Enviado especial de O Beltrano

Em seu segundo dia, a Caravana Lula por Minas passou pelas cidades de Periquito, Governador Valadares e Teófilo Otoni, onde foi realizado ato público na praça principal. Antes, Lula visitou a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, construída no seu mandato e inaugurada nos primeiros dias de Dilma no Palácio do Planalto. Na parada anterior, em Governador Valadares, Lula fez comício na margem do Rio Doce e tratou do acidente provocado pelo rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP Billiton, que matou o rio.

A manifestação em Teófilo Otoni foi a maior realizada até aqui. Lula usou a mesma retórica dos atos anteriores, reforçando sua relação com a região. Afirmou ter conhecido Teófilo Otoni em 1980, quando ainda trabalhava na estruturação do PT, antes da fundação do partido. Lembrou também da passagem da Caravana da Cidadania pela cidade, em 1993, quando discursou na mesma praça. O prefeito petista, Daniel Sucupira, falou da história do partido na cidade.

Lula fez discurso duro contra adversários e a perseguição que diz sofrer da Justiça brasileira. “Quebraram meu sigilo bancário para achar dinheiro ilegal, mas acharam mesmo foi com o Aécio”. Se referiu também ao episódio da apreensão do helicóptero (apesar de ter citado como se fosse avião) com 450 quilos de cocaína, que pertence a outro senador mineiro, Zezé Perrela, e considerou um absurdo o fato de “até hoje o dono da droga nunca ter sido encontrado”.

Em todos os atos até aqui, pessoas comuns sobem ao palco para dar depoimentos. Em Teófilo Otoni, o médico Diego Tameirão afirmou se formou graças à abertura da universidade na cidade e aos programas de incentivo à educação, já que tem origem humilde. Uma senhora que foi contemplada pelo Programa Minha Casa, Minha Vida agradeceu “por ter uma casa e não ter que morar na rua”.

Na visita à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, estudantes se manifestaram contra a reitoria e pela construção do Restaurante Universitário. Apesar da maioria dos presentes apoiar o ex-presidente, também houve manifestação contrária. Entre estes manifestantes, o estudante de engenharia civil, Matheus Batista, de 19 anos, afirmou que “Lula quer ser presidente novamente apenas para fugir dos processos que responde na Justiça”. Mesmo estudando numa universidade construída no governo Lula, Bianca Monteiro, de 19 anos, disse que estava ali unicamente por “mérito de estudo”. “Sou eu quem senta na cadeira e estuda todo dia para estar aqui”, disse.

Já a estudante de Ciência e Tecnologia, Ana Beatriz, também de 19 anos, considera que o PT foi “fundamental para a construção da Universidade”. Moradora da vizinha Itaobim, que foi governada pelo PT, Ana citou outros programas das gestões petistas que considera ter impactado positivamente a vida de sua família. “Meu pai é pequeno agricultou e foi muito beneficiado pelo PRONAF. Ele comprou máquinas para aumentar a produção. Isso foi decisivo para garantir meus estudos”, disse.

Em Governador Valadares, no ato em frente ao Rio Doce, Valdivino Modesto, representante dos pescadores profissionais, disse que o “rio está morto”. “Não temos perspectiva de melhora nem pra daqui a 10 anos”, afirmou.

Na cidade visitada anteriormente, Periquito, a Caravana visitou um Viveiro de mudas do MST utilizadas no reflorestamento das margens do Rio Doce. Ele é um dos quatro projetos que participam do programa Plantando o Futuro, que conta com o financiamento do governo de Minas Gerais. Ao todo, o projeto prevê a produção de 3,8 milhões de mudas para recuperar 40 mil nascentes na região.

Na visita, Lula disse que “51% dos assentamentos no Brasil foram realizados nos 12 anos em que estivemos no Palácio do Planalto”. Ele lembrou que “atualmente, 73% da produção de alimentos no Brasil é sustentada pela agricultura familiar”. Seguindo a estratégia de se contrapor a Temer, Lula criticou a decisão do atual governo de reduzir as compras dos pequenos produtores.

Nesta quarta-feira, a Caravana segue em direção ao Vale do Jequitinhonha. Começa numa parada no trevo de Itaobim e depois segue para a ponte que cruza o Rio Jequitinhonha na cidade de Itinga. A obra foi executada no seu primeiro governo e é frequentemente citada pelo ex-presidente, já que a cidade foi uma das primeiras a ser visitada quando assumiu o cargo. A última atividade da quarta-feira será um ato público na cidade de Araçuaí.