Minha casa, minha vida... de Joesley
Os luxos que cercam o delator em Nova York
Por Clarissa Carvalhaes
Correspondente de O Beltrano em NY
NOVA YORK - A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou nesta semana com pedido no Tribunal de Contas da União (TCU) para imediato bloqueio dos bens do grupo JBS e de seus proprietários, os irmãos Joesley e Wesley Batista. A medida pretende garantir o ressarcimento do suposto prejuízo de R$ 850 milhões causado aos cofres do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Pois, se a AGU quiser apurar R$ 200 milhões numa tacada é só confiscar o luxuoso apartamento de propriedade de Joesley Batista em Nova York, para onde o empresário correu logo após fechar o acordo de delação premiada que garantiu impunibilidade e direito de sair do país quando bem entender. Um apartamento no luxuoso Baccarat Hotel and Residences, no coração de Manhattan, pode chegar a US$ 60 milhões, que transformados ao câmbio de ontem, 23/06, dariam os R$ 200 milhões.
A localização, na 20W 53rd St, é uma das justificativas para o valor exorbitante. Construído em umas das regiões mais luxuosas de Nova York, tem vista panorâmica para o Central Park e o Empire State. Com 50 andares, o prédio foi projetado pelo renomado escritório de arquitetura e design Skidmore, Owings & Merrill (SOM).
Bem em frente ao residencial está um dos mais importantes museus de arte moderna e contemporânea do mundo, o MoMA (The Museum Of Modern Art). E no mesmo quarteirão estão também localizadas a emblemática Catedral de St Patrick, o Radio City Music Hall, o Hotel Hilston e a biblioteca pública de NYC.
A poucos metros dali estão instaladas, ainda, as lojas mais caras do planeta: desde a Rolex até à Apple Store, passando por Cartier, Gucci, Hermès, Prada, Chanel, Saks Fifth Avenue, Tiffany & Co, Louis Vuitton, Salvatore Ferragamo, entre outras simbólicas marcas do consumo de luxo.
Mimos
Um funcionário do prédio descreveu ao O Beltrano detalhes da ostentação do conjunto: todos os quartos (tanto do hotel, como dos residenciais) têm lustres de cristais Baccarat. Alguns apartamentos possuem piscina e casas de banho privativas. Cada quarto do hotel (que tem a diária mais econômica avaliada em aproximados US$ 1 mil) apresenta decoração parisiense contemporânea.
Para quem, como Joesley Batista, é proprietário de um apartamento no prédio, outros mimos são oferecidos com exclusividade: os moradores do Baccarat têm acesso irrestrito ao restaurante francês, às piscinas, à academia, ao bar, à sauna e ao spa de La Mer – que oferece serviços que variam entre US$ 225 e US$ 350, por 30, 60 ou 90 minutos.
Restaurante
O restaurante do Baccarat merece atenção a parte. Idealizado pelos designers Gilles & Boissier, o local tem quase 7 metros de pé direito, paredes revestidas de seda Jouffre plissada, pisos parquet e assentos estofados – e evidentemente luxuosos.
A menina dos olhos da casa, no entanto, é o lustre Baccarat de 64 braços instalado bem no centro do salão. Do lado de fora do residencial, o leque gastrômico é amplo e igualmente caro.
Entre os mais badalados estão o restaurante The Modern (que fica dentro do Moma), ReMi e Il Gattopardo (ambos de gastronomia italiana), 21 Club (tradicional de NYC, desde 1929), o badalado Café 2 e o brasileiríssimo (e um dos mais baratos da região) Fogo de Chão. Nele, o almoço sai em média por US$ 40, ou R$ 133, por pessoa e durante a semana. Já para o jantar é preciso desembolsar aproximadamente US$ 80, ou R$ 266, valor também individual e não contabilizadas as bebidas. Um quantia certamente salgada para nós, reles mortais, mas não exatamente para Joesley Batista, o rei da carne, que atravessando a rua pode provar um naco do que produz no Brasil.