Mulheres ajudam mulheres

Projeto Mentoria S2 oferece aulas e consultorias de empreendedorismo para mulheres.


Por Petra Fantini

Publicado em 27/04/2018

Instagram Birosca

O projeto social Mentoria S2, que apoia a estruturação de novos negócios, está transformando a vida de um grupo de mulheres empreendedoras de Belo Horizonte. Idealizado pela empresária Bruna Martins, em parceria com a consultora de gestão financeira Luiza Reale, o projeto oferece suporte para que boas ideias se transformem em negócios sustentáveis e lucrativos. 

Bruna é proprietária restaurante Birosca S2, instalado na rua Silvianópolis, em Santa Tereza, que acaba de completar cinco anos. A ideia, segundo ela, é dividir com outras empreendedoras um pouco do conhecimento de gestão acumulado ao longo destes anos à frente de um negócio bem-sucedido. De acordo com o perfil do restaurante na internet, o Birosca é “um boteco alternativo, com decoração colorida, gastronomia francesa refinada, sobremesas e música alegre”.

As quatro empreendedoras selecionadas para essa edição do Mentoria S2, Cristiane Pereira, Michelle Reis, Rafaella Bandeira e Nataly Sgoviah, foram anunciadas no 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Essa pegada feminista já era uma marca do Birosca S2, que mantém uma cozinha comandada exclusivamente por mulheres chefs. “Hoje, esse é um ramo protagonizado pelos homens, sendo que a comida sempre foi uma construção feminina na sociedade”, diz Bruna.

Ela preocupou-se em divulgar o projeto para além das redes sociais do Birosca, pois o público do restaurante não seria o que desejava para a mentoria, de mulheres de baixa renda e muita necessidade de empreender. Para tal, as Brigadas Populares, o grupo de Facebook ‘Juntas geramos renda’ e a ONG ‘Lá da favelinha’ foram espaços escolhidos para a divulgação. Além de dados como idade, número de filhos, etnia, renda e se frequentou instituição pública de ensino, as mentoras estavam interessadas também no tipo de negócio e na história de formação das mulheres empreendedoras e de suas empresas. Segundo Bruna, algumas das histórias recebidas a emocionam até hoje.

“Também tive que atentar para a escolha de empreendedoras que eu, de fato, daria conta de ajudar. Tinha gente com o perfil para ser selecionada, que está precisando muito, mas para quem eu não teria qualquer traquejo naquele tipo de empresa”, se recorda Bruna, citando empresas de tecnologia como exemplo. Na Mentoria S2, Bruna está à frente da área estratégica, de conceito, criatividade e marketing. Já Luiza Reale é especialista em gestão financeira e operacional.

No primeiro encontro, as entrevistas com as participantes revelaram que todas precisavam de aulas de finanças básicas. “Todas estavam endividadas, misturavam as contas pessoais com a profissional, tinham feito negociações bancárias com altos juros”, relata a empresária. Assim, a primeira fase do projeto é dedicada a aulas de finanças básicas, ministradas em uma sala da rede de cafeterias Business Cofice, no Centro de Belo Horizonte. 

As mentoras também estão fechando parcerias para auxiliar as empreendedoras. Um estúdio de marketing atualizará ou idealizará as logomarcas dos empreendimentos, o banco com as melhores taxas de juros e opções de crédito acompanhará os negócios e serão convidados fornecedores, por exemplo, do ramo de bebidas. “A gente está o tempo inteiro criando estratégias para elas crescerem como empresárias”, afirma Bruna. Para no ano que vem, ela pretende formar uma rede com empresários de sucesso da capital mineira e expandir o Mentoria para outro projeto social de adoção de mulheres empreendedoras.

Conheça um pouco de cada participante.

Marmiteira

Whatsapp: (31) 99170-7811

Além de técnica em enfermagem, Rafaella Bandeira é mãe de quatro filhos e empresária do Pimp My Rango, seu microempreendimento de marmitas saudáveis que prioriza o uso de alimentos orgânicos. Ela faz plantões diariamente, acorda cedo para cuidar dos filhos e produz marmitas para vender aos seus colegas no hospital. Preocupada com boa alimentação e entusiasta de atividades físicas, Rafaella começou fazendo seu próprio alimento. Hoje, a orientação da Mentoria é que ela se organize e invista em adquirir um freezer, para que possa congelar as refeições e ganhar tempo em alguns dias da semana. Além disso, Bruna vê nos colegas de academia um público alvo importante e ainda pouco explorado.

Desde que começou no projeto, conta Rafaella, seus produtos ganharam valor e suas vendas aumentaram. A Mentoria também proporcionou solidariedade entre as mulheres participantes. “Nós conseguimos trocar experiências do nosso próprio trabalho. É bacana conhecer pessoas que passam pelas mesmas situações, pelas mesmas dificuldades, e que não desistem”, afirma Rafaella.

Produtora

Instagram: @bailefundaserra

O Baile Funk da Serra, no Aglomerado da Serra, atrai mais de cinco mil pessoas todos os domingos e é organizado por Cristiane Pereira. A produtora aluga barraca, tina, som, segurança e gradil todas as semanas, lucrando com a venda de cerveja e comida em sua barraca. Porém, ela concorre com outros tantos vendedores, que não pagam nenhuma taxa para manter seu negócio no baile de Cristiane. Por isso, a Mentoria quer traçar um plano estratégico para a festa e criar o selo Amigos do Baile para licenciar vendedores. Outra dica é que Cristiane invista em comprar, ao invés de alugar, os equipamentos do baile.

“Estou aprendendo sobre como planejar as vendas, estabelecer o que eu vou comprar. Ontem (25/04) eu aprendi a montar planilha. Uma coisa interessante que eu também não fazia era anotar tudo”, explica Cristiane. Os resultados são vistos principalmente na organização da festa, mas ela acredita que já na próxima edição seu lucro deve aumentar. “A importância maior (do projeto) é você saber, ter quem te oriente”, diz Cristiane. Ela já começou a passar para frente o que aprendeu, orientando pessoas próximas que também atuam no ramo.

 

 

Reprodução Facebook

Marceneira

Telefone: (31) 99410-1632

Com uma história de superação que envolve ter saído de casa aos 14 anos, morado na rua, primeiro em um carro e, então, em uma ocupação, Michelle Reis começou seu empreendimento através do curso de marcenaria que fez no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Hoje, ela tem a Marcenaria Mátria. Está começando a receber pedidos por e-mail e acaba de concluir uma encomenda grande.

Por causa da falta de equipamentos, muitos serviços de corte são terceirizados. O objetivo agora é investir em maquinário e cursos de aprimoramento, fazer um empréstimo com juro baixo e criar uma marca atrativa.

 

 

Instagram nataly_conceitocachos

Cabeleireira para cachos

Instagram: @nataly.conceitocachos

Nataly Sgoviah veio de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, e saiu do curso de Engenharia Civil para se dedicar à loja de cosméticos que deu origem ao salão de beleza Nataly Sgoviah Conceito Cachos. Segundo seu perfil no Instagram, este é o primeiro salão de Belo Horizonte especializado em ‘no e low poo’, técnicas de lavagem capilar que são mais suaves e menos agressivas aos fios.

Especializada em cabelos cacheadas, Nataly também é youtuber e já possui milhares de seguidores em suas redes sociais. Sua maior dificuldade é controlar o fluxo de caixa do salão e separar o pessoal da empresa. A Mentoria vem fazendo um trabalho intenso de organização financeira e de marketing da marca. Para Nataly, o projeto é importante por “fortalecer e incentivar essas mulheres empreendedoras a investir no sonho delas”.