Não há democracia sem feminismo

Comitê de Mulheres NaLuta pela Democracia promove protagonismo feminino na política


Por Petra Fantini

Foto: Marcela Menezes/Comitê de Mulheres NaLuta Pela Democracia – MG

Nesta quinta-feira, 1º de março, ativistas e movimentos sociais abrem o Mês das Mulheres com o lançamento do Comitê de Mulheres Na Luta pela Democracia em Minas Gerais, às 19h, no Conselho Regional de Psicologia. O comitê pretende centralizar as discussões e ações políticas das mulheres em Minas na luta contra o desmonte de direitos no país desde o impeachment da ex-Presidenta Dilma Rousseff, em 2016.

As discussões para a criação do Comitê vêm desde antes do julgamento do ex-presidente Lula pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Como Andréa Cangussú, uma das idealizadoras do projeto, é Secretária de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), as primeiras reuniões foram realizadas na sede estadual do partido. Porém, ela diz que a intenção sempre foi a de envolver a sociedade e agregar mulheres ativistas independentes e de outros partidos e de movimentos sociais.

“A ideia é que ele tenha um caráter suprapartidário, estadual, que possa estimular a criação de outros comitês na região metropolitana e no interior, com o objetivo de denunciar a perda de direitos já conquistados e o ataque à soberania popular e garantir eleições livres e diretas, inclusive com a presença de Lula na disputa”, afirma Andréa. O desejo inicial é que o Comitê de Mulheres NaLuta pela Democracia conduza atos de resistência na capital.

Atualmente, os gabinetes da deputada estadual Marília Campos (PT) e da deputada federal Jô Moraes (PC do B), o Partido da Causa Operária (PCO), o Partido Comunista do Brasil (PC do B), o Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment e a Marcha Mundial das Mulheres, além de intelectuais e artistas como Aline Calixto, são alguns dos atores envolvidos no projeto. Mulheres que lutaram contra a Ditadura Militar e faziam parte do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas também marcarão presença.

Foto: Marcela Menezes/Comitê de Mulheres NaLuta Pela Democracia – MG

Ano eleitoral

Andréa enxerga que, após a derrubada da primeira mulher eleita presidenta no país, o que está acontecendo é “um golpe continuado”. “A gente quer garantir que o Brasil continue sendo um país democrático. E a unidade das mulheres em torno desse comitê luta por isso”, diz.

Segundo ela, as reformas trabalhista e previdenciária implementadas no governo Tmer são “ainda são mais cruéis com as mulheres”. Um exemplo é liberação para que mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres.

“Nós (mulheres) assumimos um protagonismo importante (pós-impeachment). Nós estávamos nas ruas, lideramos diversos atos, diversos momentos de resistência. Com isso, todos os movimentos de mulheres da sociedade se fortaleceram. Com esse crescimento, as mulheres tendem a ter um protagonismo importante nas eleições, com mais candidaturas, mais mulheres a ocupar espaços de poder para que a gente possa crescer, para que a gente possa ter uma representação maior”, afirma.

Mesmo em um cenário em que o deputado federal Jair Bolsonaro, da ultradireita conservadora, ganha projeção na corrida presidencial, Andréa não acredita que aconteçam retrocessos nos direitos das mulheres. “Quanto mais conservadorismo, se torna mais importante o papel da mulher e do feminismo nessas lutas. O feminismo, mais do que tudo, é uma forma de resistência. Não existe democracia, revolução ou luta sem feminismo. A gente não consegue pensar que o país seja democrático sem se debater o feminismo”, disse.