Porquinho Polivalente

Um papo de doidão com o Thiago Machado, conhecido por Porquinho, cofundador da banda UDR e hiperativo da música pesada, que já gravou quase 20 discos pelo Grupo Porco e toca um número animal de outros projetos.


Foto: Flávio Charchar

Por Lucas Buzatti

Em 2012, tentei fugir do jornalismo para trabalhar como redator da Lápis Raro, uma das agências de publicidade mais fodonas de BH. Apesar de poder ir de bermuda, o trampo e o cliente eram um saco, e não durei muito tempo por lá. O melhor da experiência foram alguns bons amigos que ficaram – e um deles foi o Porquinho. Lembro de um brother ter comentado, no meu primeiro dia: “Porra, Buzatti… você que curte uns sons extremos, sabia que Porquinho, o cara da UDR, trabalha aqui?”. Fiquei ansioso para conhecer o figura, responsável por me gerar intensas gargalhadas com as letras escrotas do trio de “funk satânico”, nos idos de 2000, e com quem eu já tinha trombado várias vezes nos rolês, mas só sacava de vista.

Muito me surpreendeu, porém, quando fui apresentado ao Thiago Machado, um RP especialista em social media, bambambam das redes. Ao contrário do retardado que eu esperava, ali estava um cara sério e compenetrado, que podia até passar como marrento. Mas que nada! Depois, fui entender: de fato, são vários Porquinhos. “O cara da UDR” é só um que marcou quem viveu aqueles anos, mas o Porks também é o cara do Grupo Porco, do Fadarobocoptubarão, do Fodastic Brenfers, da publicidade, do stand up, dos quadrinhos, dos memes, da produção, e por aí vai. Aos 33 anos, Porquinho acumula uma criação artística que já chegou a 19 discos, além de clipes hilários, desenhos e pirações das mais diversas.

Fantasiado de publicitário, de camisa de botão xadrez, e exalando um característico cheiro de brenfa, Porquinho deu um pulo na minha casa para trocarmos uma ideia para esta entrevista. Recebi o camarada com um baseado do calibre de um dedo indicador, que o fez titubear: “Putz, vim fumando um. Mas vamos lá”. E o fumacê embalou mais de duas horas de uma produtiva conversa de doidão, que transpassou a vida pessoal e musical do pernambucano radicado em Belo Horizonte. Na pauta, a carreira da UDR e os problemas que o trio vem enfrentando com a Justiça; as aventuras do prolífico Grupo Porco, pelo qual ele já desovou nove álbuns; a porradeira instrumental do Fadarobocoptubarão; o stoner barroco do Fodastic Brenfers; além de divagações sobre música, humor, drogas, publicidade, internet e tudo mais.  

Me fala um pouco do Thiago Machado. Você não é de BH, né?

Não, sou do interior de Pernambuco, de Guaranhuns. Cidade pequena, um rolê frio, onde rola festival de inverno. Morei lá por dois anos. Meu pai tinha um laboratório, ele é bioquímico. Depois nos mudamos para Recife, minha família é toda de lá. Fiquei lá até uns 10 anos, depois nos mudamos pra Belém, depois pra São Paulo e depois pra cá, em 97. Eu estava na sétima série, tinha uns 15 anos. Fui estudar no Padre Machado, mas o colégio era muito louco e fiquei só um ano. Depois, fui para o Colégio Batista, caretaço, com culto evangélico e tudo. No Batista, eu conheci o (Marcos) Batista, que toca comigo em várias bandas.

Nessa época você já ouvia som, bebia e fumava um?
Já sim, os três. A bebida, então, estava sempre presente.

Começou cedo?

Cara, a família do meu pai se encontrava muito pra beber. Meus pais moravam em Boa Viagem. Meu pai era filho de militar, morava ali na orla, sacou? Foi criado tipo boy mesmo. Eles tinham a cultura de ir pra praia, surfar, ir pra Porto de Galinhas, se encontravam pra chapar. E só chapavam de Montilla, fi (risos).

O que você ouvia quando moleque?

Meu pai sempre foi muito eclético, tinha um lance de escutar o som do momento. Muito moleque eu lembro de uns LPs dele, do Alceu Valença, que é um cara com quem ele conviveu numa cena de Recife, tiveram uma banda juntos. Meu pai toca percussão, timba é o instrumento de coração dele. Ele escutava muito Elba Ramalho, umas MPB tipo Djavan, uns LPs da Janis Joplin. Eu também ouvia uns sons na casa da minha avó, que os meus tios tocavam, uns sambas bizarros. Comecei a escutar música vendo a galera tocar. Preferia os rolês em que eu participava das rodas. Depois eu fritei, porque eles tocavam sempre as mesmas músicas.

E aí vieram quais sons?

Quando a gente saiu de Recife, estava rolando aquela revolução do CD. Meu pai jogou os LPs todos fora e, chegando em Belém, comprou muitos CDs. Era a época daquela onda do axé e dos forrós. Aí ele comprava uns Mastruz com Leite, Beto Barbosa, uma onda meio lambada. Só escutava essas merdas. Rock eu escutava no rádio. Gostava de pensar que eu era roqueiro, mas eu não tinha as minhas músicas. Quando nos mudamos para São Paulo começou um costume de cada um escolher um CD, e o meu primeiro foi o “Frogstomp”, do Silverchair. Depois, apareceram os Mamonas Assassinas, que eu pirava. Também ouvia uns discos da Madonna, do Raul Seixas.  Com uns 13 anos, comecei a ouvir Nirvana e fiquei viciado. Também escutei Pearl Jam pra caralho, aí fritei e fui escutar hardcore. Tinha aquela cena capixaba, que eu curtia muito. Depois, parei de escutar hardcore e passei para o new metal. Eu pirava muito em Deftones. Mas nunca fui de escutar os clássicos do metal, tipo Metallica, Iron Maiden. Ah, e ainda tive uma fase de ouvir muito techno e rap.

E quando começou a tocar?

Com uns 13, também. Eu comecei a pegar um violão Tonante que eu tinha, podraço. Queria tocar qualquer instrumento, mas pirava mesmo na guitarra. Sou meio autodidata, não fiz muitas aulas e toco pouco cover. Também não pensava em cantar. Comecei a tocar normal, standard, afinado em mi, normalzinho. No máximo, dropava uma afinação em ré. Quando fui para o new metal, a parada eram duas guitarras, mas só tinha eu de guitarrista. Colei no show do Diesel e vi o povo tocando numa afinação mista. Achei genial! Eu podia misturar a parada pra colocar o acorde e ficar mais fácil pra mim. Aí cheguei em casa, fiquei fritando e inventei uma afinação que eu uso até hoje. Formamos uma banda, eu e o Muzzy nos vocais, o Screw na guitarra, um brother nosso no baixo e o Zé Baleia na batera. Chamava Poser, tocava cover de Faith No More, Nine Inch Nails, umas paradas assim.

Como rolou a amizade com o Screw?

Eu estudei no Batista até o terceiro ano, depois fiz Relações Públicas no Uni-BH. Foi lá que eu conheci o Screw, o Rafael Mordente. Ele tinha esse apelido de internet, igual o meu, Porquinho, uma piada que virou apelido. Eu colava com a galera do Floresta, a gente ia a pé pra Praça da Liberdade e ficávamos lá tomando vinho longe dos pais, fumando maconha e dando em cima das menininhas. Numa dessas eu troquei ideia com uma menina que era namorada do Screw. A gente se conheceu por causa dessas minas, eu estava dando em cima da amiga da namorada dele. Convivemos os dois casais por um tempo, e falávamos muita merda. Ele era todo gótico, e eu new metal. Ele tinha uma banda de metal que chamada Mystress. Tocavam um cover de Placebo, eu disse que também sabia tocar Placebo e a gente virou amigo.

Como surgiu a UDR? Se lembra do primeiro show?

O Screw tinha inventado de fazer funk com outro brother, o Mosca. Eles fizeram os primeiros funks sozinhos. O João (Carvalho) participou de um, o “Bonde de Jesus”, original. O Screw fez sozinho o “Bonde da Depressão”. Eles apresentaram uma vez, só os dois, n’A obra. Aí depois rolou um convite para uma banda do Screw, a Enema Groove. A gente ia colar num rolê lá no bairro Xangrilá, alguém da banda não podia e ele falou: “ah, velho, vou tocar com a minha banda de funk”. Fomos eu, ele e Mosca, tinham umas 20 pessoas no rolê. Rolaram umas bandas de metal e, do nada, a gente subiu com umas bases podraças que fazíamos em uns programas toscos, tipo o Hammerhead. Os meninos já tinham algumas músicas, eu fritei numa base para “Funk do Pântano” e cheguei com ela para o show. Nesse início, era todo mundo de coturno, spike, cara de metaleiro, uma postura meio black metal no palco. Era uma grande zoeira com os metaleiros e com os funkeiros. A galera rachou.  

As alcunhas bizarras da banda têm alguma explicação?

Não, era competição de retardadice. Resolvemos gravar um disco de zoeira, com uns alter egos retardados. Porque não era a gente, velho (risos)! Eram aqueles personagens, que ficavam no mic só falando merda, desenfreadamente. O Screw arrumou o nome Professor Aquaplay, aí o João inventou o MS Barney, que era mendigo satanista, porque tinha o MV Bill, mensageiro da verdade. Aí eu pensei: “o meu vai ser MC Carvão”. Depois mudamos só pra Aquaplay e Carvão. Mas não tem explicação. E o povo misturava os nomes, saca. Achavam que tinha o Professor Aquaplay, o MC Carvão e o Porquinho; que tinha o MS Barney, o MC Carvão e o Screw (risos).

E as letras? Vocês são satanistas (risos)?

Não, eu sou ateu. É louco que a coisa da religião foi das que mais pegaram para a UDR. A piada começa quando a gente pega um funk pra falar de um assunto pesado e coloca os bordões metaleiros na parada. Tipo, “mãe de Jesus, eu tirei o seu cabaço”. Era, tipo, vamos fazer um funk para chocar a galera do funk!”. E o funk, por si só, já chocava na época. A gente buscava um enfrentamento versão monga, com paródias, colocando o funkeiro no papel do metaleiro. Zoando todo mundo e a música, principalmente. A UDR começou como piada mesmo. Tanto que o Rafael e o João mexem com comédia até hoje, eles têm um podcast. O João é roteirista do programa do Kibe Loco, quase foi campeão do Prêmio de Comédia Multishow. Eu também tive uma época de trampar com os caras do stand up.

A UDR foi vanguarda nesse lance de soltar música pela internet, né?

A parada é que a gente era muito retardado de internet, véi. A gente vivia muito uma cultura da zoeira, que não era essa de hoje, brasileira. Replicava muito da zoeira gringa e ao mesmo tempo a parada ficava no nosso mundinho. A gente começou nos rolês assim, mandando músicas uns para os outros, entre a galera, sacou. E-mail, chat. Cara, o primeiro clipe da UDR tá no You Tube tem 10 anos! Vi isso ano passado e fiquei, tipo, “caralho, eu tenho um clipe de 10 anos!”. O clipe foi, tipo assim, um computador daqueles carcaça branca, câmera digital três megapixels em cima e a gente dublando a música. E tem um milhão de views. Velho, o que que eu fiz com minha vida? Criei um monstro! (risos)  

Os fãs da UDR ainda te reconhecem na rua?

Vez ou outra. O pior é que o povo vê os vídeos e, quando me vê na rua, acha que eu tinha que ser igual, né? Mas eu era um moleque de 20 anos. Só a UDR já vai fazer 15. Os fãs da UDR fazem a coisa parecer muito maior. Eu sou tipo a Sasha, saca? Sou um ser humano comum. Eu como, cago, tenho família. Eu peido pra caralho, porra, eu como soja! (risos)

Desde o começo a UDR já gerou buchicho?

Nós tocamos no Matriz algumas vezes, a pedido de amigos. Aí chamamos a atenção de um povo de Sampa e depois fizemos um show lá. Quando voltamos, o povo de BH pirou que a gente tinha tocado em São Paulo. Tínhamos uns 19, 20 anos. Fomos de carro, mó zoeira, tocamos no Metal Festival. Quando voltamos, começamos a fazer show pra caralho. E aí rolou o Trama Virtual. Os tops do Brasil eram Fresno, NX Zero e UDR, umas paradas que não tinham nada a ver uma com a outra (risos). Fizeram uma matéria, “Os artistas mais estranhos do Trama Virtual”. Tinha Tony da Gatorra, Cansei de Ser Sexy, UDR. Aí, pronto: descobriram a gente, baixaram as músicas e começaram a rolar vários pedido shows. Resolvemos fazer um merchan, umas camisetas, e também o primeiro disco, “Seringas Compartilhadas Volume II (Solos Para Concertos de Fagote em Si Bemol)”. Tem umas 10 músicas, é totalmente mongol.

 

As reações nos shows eram sempre boas?

Nem sempre. Uma vez, a gente fez um show onde hoje é o Granfinos. Era aniversário do Muzzy, o Muzzy Fest. Tocaram a Poser, uma outra banda e a UDR. Tinha uns moleques de 20 anos tomando cerveja de 600 no bico, umas mina se pegando, uns caras se pegando, o povo vestido de Satanás e os donos lá, tipo, “caralho, que porra é essa?!”. Era uma casa que rolava uns encontro de dança de velho, saca. Aí tocou Poser e, quando começou a UDR, o cara veio na hora: “pode parar, acabou a festa, toma seu dinheiro de volta, vão embora”. Fechamos o rolê, foi doideira (risos).

Vocês chegaram a circular bem, né.

É. Tocamos em São Paulo e interior, em Brasília, Goiânia, Cuiabá, interior de Minas e BH. Nunca fomos no Sul, nem no Nordeste. Íamos para Sampa umas duas, três vezes por ano. Goiânia e Brasília todo ano. Conhecemos a galera da revista “Quase” e começamos a ir pra Vitória direto. Com a galera mais zoeira da cidade, a gente estava sempre ali, no boderline. É um show ou uma performance? Que porra é essa? Ninguém entendia nada, porque no começo não tinha banda, só CD de base. “Dá play aí, fi”; “dá pause”. Não tinha nem pendrive (risos)! Aí veio o “WARderley”, lançado pela Travolta Discos, em SP.

E os outros discos, como rolaram?

Em 2007, gravamos um EP. Peguei aquela capa de “A Shape of Punk to Come”, do Refused, saca? Tinham uns quadrados com umas fotos da banda, e substitui por fotos da UDR. Tirei o tipe deles e coloquei “UDR, O Shape do Punk do Cão”, com quatro músicas. A gente gravou aquela “Gordinho Você Não é DJ”, “Modelo 2008”, “Nunca é Tarde Para Dizer Para Alguém que Você tem HPV” e “Vou Jozar”. Nos encontramos no dia, fizemos a parada, soltamos na internet e a galera derreteu. “Caralho, os caras são gênios, puta que pariu!” E a gente: “velho, nós gastamos uma noite fazendo isso, como assim?!”. O lance legal é que tudo na banda era nosso. Eu tocava, fazia arte para os flyers, redes sociais, passava som. Aprendi muito a lidar com banda. E fiz muita merda em nome da UDR (risos). Depois disso, gravamos outro CD, um projeto que se chama “Bolinando Estraños”, em 2008. Quem fez essa capa foi o José Enrico, que hoje trampa no Cartoon Network, fazendo aquele desenho “Irmão do Jorel”.

Aí a banda parou.

Foi. Depois desse disco, o Screw resolveu ir para Portugal fazer um mestrado em comédia e parar com a banda. Para mim, nunca fez sentido, porque a gente estava indo muito bem.

Rolou até o programa do João Gordo nesse meio-tempo, né?

Sim, o “Gordo Freak Show”, em 2006. A galera ligou pra gente e ficamos, tipo: “caralho, velho, agora a gente venceu na vida! Puta que pariu, agora a gente vai ficar rico! Vou sair do meu trampo!”. Fomos eu, o Screw e um brother nosso, o Fock, pra ser nosso DJ, porque todas nossas faixas estavam no MP3 dele. E os caras não deram nada pra gente, só um lanche e uma van pra levar a gente na MTV. Mas foi foda conhecer o João Gordo. Depois, trombamos com ele várias vezes em Goiânia, quando ele era o DJ da noite e ficávamos no backstage trocando ideias.

E como pintaram suas outras bandas?

Em paralelo à UDR, eu já tinha uma banda chamada Madshift, que era um pouco new metal, e outra com o Chico (Vianna, do Fadarobocoptubarão), que chamava Acapulco. Depois de 2007, eu fiquei sem banda nenhuma e na pira de aprender a fazer música eletrônica sozinho. Já estava colando com uma galera do Coletivo Azucrina. Eles tinham um estúdio e eu ficava lá fritando, colocava minha música eletrônica no retorno dos caras e tocava guitarra para compor o que seria o primeiro disco do Grupo Porco. Antes disso, eu só experimentava em casa, fiz um disco para ver como seria. Aí, em 2008, soltei o “Rala o Pinto Massacre”, com colaboração de uma galera desse rolê de banda que eu tinha conhecido. Chamei o James, do Facada, lá do Ceará; o João, que hoje é do Test; a Marina, que tinha acabado de sair do Bonde do Rolê.

E esse nome, Grupo Porco de Grindcore Interpretativo?

Além da zoeira com o Grupo Corpo, é um nome super pedante, né? Como eu inventei o som, o grindcore interpretativo, eu tô tocando o melhor desse estilo do mundo. Porque fui eu que acabei de criar, saca? (risos) Chamei o Leo (Pyrata) e o Batista e eles acharam genial. Em 2008, chamei o Eduardo Loureiro para fazer a foto, que eu produzi. Fui no Mercado Central, comprei pintinho, cabeça de galinha, ralador, e fomos na casa do Coletivo Azucrina fazer a foto.  Ela é muito louca, gore, toda lo-fi. O Grupo Porco é o meu lance, meu jeito de treinar em casa, de lançar minhas paradas.

 

E o Fadarobocoptubarão, como aconteceu?

Eu, o Chico e o Quadrado, que toca bateria, gostávamos de nos encontrar para tocar e tomar uma. Eu tocava com o Chico uma coisa retona, que virou uma música do “Força, Dobermann!”, o primeiro disco do Fada, que a gente lançou em 2009.  O Batista estava numa onda de que música não era para ele, e no Fada ele se redescobriu baixista e voltou a tocar. Quando lancei o Grupo Porco estava começando a compor as músicas do Fada. Depois, lançamos o disco e começamos a fazer uns shows n’A Obra, no Matriz e nas ocupações que estavam rolando na cidade. Aí a coisa ficou meio parada e foquei no Grupo Porco. Em 2010, lançamos o “Dinossauro com Beck Gigante”. O pôster é foda, do Gabriel Goes, um caturnista fodaço.

A capa do “Força, Dobermman!” também é foda.

É, ela é do Alexandre Perroco, do Shiron Lacerda e do Ricardo Donato. A do “Dinossauro Com o Beck Gigante” é minha. É aquele bonequinho da “Era do Gelo”, do McDonalds. Apertava a boca dele, colocava o beck dentro e usava de marica. Aí um dia coloquei um becaço e me veio essa viagem, “é o dinossauro com beck gigante”.  Os cartunistas de Brasília piraram no nome, mas ainda não tinham escutado as músicas do disco quando fizeram o cartaz. Não faço quadrinhos, sou mais roteirista. Mas conheço uma galera dos quadrinhos independentes por causa do FIQ, eram quase todos fãs de UDR (risos). Nessa mesma época do “Beck Gigante”, toquei com o Grupo Porco abrindo para o Dead Fish, no Circo Voador; no Bananada, em Goiânia; no Audio Rebel, no Rio. O Leo estava mais ausente na banda, envolvido com o rolê do cinema. Ficamos eu e o Batista lançando música sem parar, igual retardado. Aí a gente deu uma desencanada, ele foi fazer outras paradas, estávamos levando o Fada com seriedade. Então, eu comecei a lançar meus discos sozinho pelo Grupo Porco.

O Fada foi a mais “séria” das suas bandas, né.

É engraçado, porque o Fada é sério e não é. É a menor dessas bandas que eu toquei. Mas conseguiu tocar em coisas grandes em BH, né cara. Em BH, a galera conhece, já ouviu falar, porque o nome é retardado e tal. Fora daqui, só tocamos em Goiânia. No começo do Fada era difícil, as músicas são instrumentais, eu não sei ler partitura, Marcos também não, não tinha partitura de bateria. Então, a gente inventava as músicas e uns nomes pra gente lembrar. Tipo, “Metaleira, Dragão, Águia”. E aí teve uma que ficou “Fada, Robocop, Tubarão”. Começa épica, depois fica meio industrial, depois sei lá o quê, saca? A gente apresentou uma vez como Stallone Trio, mas depois decidimos Fadarobocoptubarão, tudo junto. A gente ficava pensando que iam achar que cada um era um de nós, e que o Batista, por ser gay, seria o fada (risos).

E aí rolou o segundo disco, “Facul de Puta”.

Foi, gravamos lá no estúdio do Queijo Elétrico. Foi na mesma época em que fizemos o clipe de “Meu Primeiro Elefantinho”, do Grupo Porco, com a galera do Coletivo Imaginário, que foi uma história bem louca. Eu estava pirando em Mastodon, queria fazer um riff mais nessa pegada. O elefantinho seria esse mastodonte, mas não consegui fazer, assim, um mastodonte, estava  mais para um elefantinho. Aí ficou o metal do elefantinho. Só que a galera viajou que era um lance de pegar gorda, saca? E fizeram um clipe com uma garota de programa gorda, gravado lá na Alcova Libertina, que ficou do caralho. Foi na mesma época em que tocamos em Goiânia. Aí o Chico começou a ter umas crises, na mesma época em que a gente tocou muito com o Electrophone. A gente via o Rodolfo (Soares) e pensava: “porra, imagina esse cara tocando bateria com a gente? Iríamos subir de nível como nunca antes!”.  Aí o Chico falou: “vamos chamar o cara!”. E ele topou. O Chico foi para a guitarra e tivemos que tirar todas as músicas de novo.

Teve mais um disco antes de vocês encerrarem a banda.

Ficamos um tempo parados e depois começamos a compor e soltamos o “Mozart”, no ano passado. Mas já era uma época em que a gente sabia que a banda não ia pra frente. O Rodolfo precisava trabalhar com música, pra ele tinha que ser um rolê de ganhar grana; o Chico ia ser pai. Preferimos parar a banda e só tocar na zoeira, quando a gente se encontrar. Das bandas que eu toquei, o Fada era a mais técnica, foi a que eu mais consegui tocar guitarra, mesmo. O último disco do Fada tem blast beat, tem muito black metal. E esse tipo de metal não era tão comum à galera. Eu me sentia o único metaleiro do rolê.

Você curte esses sons mais extremos, né?

Eu curto sons que vão no limite do brutal, da barulheira, da música mais intensa. Fico oscilando entre uns sons mais complexos e outros muito simples.

Escuta alguma coisa calma? Tipo, no carro?

Cara, sim, escuto altas. Agora mesmo tem vários discos, tipo, Moreno Veloso, Kassin, Domenico. Eu curto escutar pelo arranjo, mas não vou aos shows. Eu já gravei música com o Luiz Gabriel, mas só vou em show dele quando vou trabalhar ou tocar no show (risos). Conheço a Ju Perdigão, adoro, mas só fui em dois shows. Não é um lance que eu piro.

O Grupo Porco zoa bem o rolê tilelê.

Zoa. Na verdade, a gente zoa essa banalização estética. A galera não consegue inventar som novo, todo mundo faz o mesmo som. Tipo, qual a diferença entre o Gustavito e o Di Souza, saca? Eles podiam se juntar, é tudo a mesma coisa. Aqui em BH rola muito dessa réplica, né velho. Pegam um estilo e inventam um tanto de coisa igual, até fritar. Eu acho estranho porque as bandas que eu toquei nunca vieram de uma cena igual. Sempre foi: “vamos fazer o nosso som e, se virar, a gente cola com quem está fazendo um som parecido”. Ah, curiosidade! O Grupo Porco foi uma das primeiras bandas a tocar no Bordello, naqueles rolês depois da Praia da Estação. Nunca noite bizarra, que rolou Deadlovers, Dibigode, Retrigger e Grupo Porco. (risos)

Como foi essa fase mais experimental do Grupo Porco?

O primeiro disco que fiz sem os meninos foi o “Hard Bacon”, um disco inteiro sobre bacon. Eu morava sozinho e só fazia rango com bacon. Foi quando decidi voltar a ser vegetariano, em 2012. Depois, comecei a dar uma afastada do que era o metal dentro do Grupo Porco, que foi quando eu fiz o “Reinventando Macumba”. Ficava em casa chapando, fumando maconha, com o violão no colo, fazendo umas bases. Nessa época, estava fritando muito em Tom Zé, em Walter Franco, pirando em sons instrumentais. Aí chamei Sara Não Tem Nome, Luiz Gabriel, o China e o André Abujamra, que tinham topado por e-mail, os filhos da puta (risos). Mandei as bases e nunca me responderam. Dessa galera, na real, só rolou o Luiz Gabriel. Busquei ele em casa, gravamos e deixei ele de volta. Achei que ele ia tocar um violão, mas ele já ligou a guitarra no delay e começou a fazer vários barulhinhos tilelês que eu nunca achei que entrariam em um disco meu, foi incrível. Depois teve o “Baden Power”, que fiz com a galera do Madame Rose Selavié, que é uma onda eletrônica, eu pirando em Baden Powell acelerado. E, depois, fiz o de covers, “Um Cover Por Mês”, em 2014. Teve Deftones, White Zombie, Roberto Carlos, Kings Of Leon, uma versão funkona de Sepultura, “Roots Booty Roots”. Nesse mesmo ano, eu fritei e quis fazer outro disco só de metal, foda-se. E fiz “O Tempo Destrói Tudo”.

Cara, como você arranja tempo para ter vida social, essas coisas? (risos)

A real é que eu quase não saio de casa, velho. Quando não estou trampando, estou mexendo com música ou em casa com a minha esposa. Eu sempre tenho uma porrada de coisa pra fazer, estou sempre no corre.

Divulgação

 

Hoje, com o que você trabalha em agência?

Sou gerente de um núcleo de mídias sociais da Founders, do grupo Jchebly. Estou lá desde 2014. Antes, passei pela Filadélfia, Lápis Raro, Mapa Digital, Popcards e 645, a primeira que eu trabalhei, como atendimento (risos).

Isso é muito loco. São dois mundos, né?

É doidera mesmo. E o interessante é que eu só trampo com o que eu trampo por causa de banda. Comecei a mexer com rede social para divulgar banda, quando estava na Mapa Digital, uma startup que rolou em BH há um tempo atrás. Eu era arquiteto de informação. Desembolava meu trampo rapidaço e depois ficava divulgando minhas bandas. À noite, eu ia para a faculdade, resolvia minhas tretas, pegava umas meninas e tudo mais. Aí a mulher da Mapa percebeu meus corres e me perguntou se eu não queria fazer esse tipo de trampo na agência. Eu usava Netvibes saca? Eu tinha rolê de Google reader, eu exportava tudo em RSS para fazer monitoramento das minhas bandas. Aí comecei a usar isso nos outros trampos. Por todo o tempo em que eu estive na faculdade, eu pensei: “se isso aqui não vai me servir de nada, vou viver de música. Vou trampar só uns anos e depois viver de música”. Mas isso tem 18 anos, e até hoje estou aí, achando que vai rolar (risos).

Como surgiu o Fodastic Brenfers?

Em 2013, eu queria montar uma banda de verdade para o Grupo Porco. Fiz um post e o Raul (Lanari, baterista) animou de tocar. Ele falou que estava trocando ideia com o Pedro (Maia, vocal e guitarra), que também tinha animado. Achei que seria foda tocar com eles, mas pensei: “isso merece outra banda, não é mais Grupo Porco”. Aí o Pedro disse que o Batista estava querendo tocar. Porra, eu monto uma banda pra não tocar com o Batista e lá vou eu tocar com o Batista! Bora! (risos). Pensamos em fazer uma banda de som pesado, não necessariamente sobre maconha, a princípio. As primeiras músicas que a gente compôs foram “Traíra” e “Melanona”.

E como veio a brenfa como tema central?

Ah, no ensaios. Os quatro são maconheiraços, ficávamos fumando maconha pra caralho, né cara. Um no ensaio, um antes, um depois, aí ia pro bar, fumava mais. E fomos virando brother, também. Porque eu conhecia o Raul e o Pedro, mas não saía muito com eles. Aí num ensaio o Raul falou: “tive um sonho e a banda se chamava Le Fodastic Brenférs”. Aí o Pedro fechou a cara: “pô, nome de zoeira não dá”. E eu falei: “cara, esse nome é fantástico. Mas ninguém vai falar esse francês aí, vai ser Fodastic Brenfers”. Aí fechou, a galera aprovou. E começamos a pirar de ser tudo sobre maconha. Compomos umas músicas e fizemos um show na ocupação do Viaduto Santa Tereza. Ensaiamos e gravamos com o Cahue Teixeira, que era do Queijo Elétrico. Demorou pra caralho pra sair, os meninos são perfeccionistas, eu prefiro soltar na tora, saca. Aí fiquei zoando que era o “jamaican democracy”, porque estava demorando 50 anos pra lançar a porra do disco! (risos)

 

Teve também o lance do Rubber Tracks, da Converse Brasil, né?

É, eu inscrevi a banda, meio sem esperança, e eles selecionaram a gente. Então, no dia seguinte que a gente lançou o primeiro disco, já estávamos gravando o “Quebéc”. A gente já tinha umas músicas que não entraram no “Jamaican” e gravamos mais duas novas, “Esparro” e “Beck to The Future”. A gente chegou pra gravar com o Jean Dolabella, o Estevan Romera, que também é do Ego Kill Talent, e tinha um cara do Scarcéus. O Jean e o Romero sacaram na hora o som que a gente estava procurando, mas o cara do Scarcéus era mais farofa. Dava uns toques nada a ver.  A gente podia usar o dia pra fazer uma música inteira, gravar um clipe ou gravar um disco para mixar e remasterizar depois. Aí chamamos o Grilo, que estava trampando no estúdio e, pô, é do Carather, né velho. Ficamos, tipo, “acabamos de fechar um disco foda!”. Depois, ainda demorou um ano pra sair.

Cara, vamos falar do fim da UDR. Vocês foram acusados de incitar estupro, homicídio, drogas e preconceito religioso. Como foi esse processo?

Então. Rolou uma denúncia, no final de 2011. Foi logo depois que a UDR voltou. Aí, em 2016, saiu a primeira condenação. O processo está correndo, estamos recorrendo.

Quais as partes em que alegam incitação ao estupro?
“Vou tacar fogo n’ocê, vou estuprar o seu bebê” e “estupre um cabrito, é muito engraçado”. (risos)

Ah, não, velho (risos).

Pois é. Porra, nunca teve uma parte séria em nada da UDR, saca. Nunca teve uma mensagem, nada que a gente defendesse. Na real, nunca foi scary, sempre foi simplesmente mongol. Tipo, é muito mongol alguém ser tão satanista assim; é muito mongol fazer um arranjo usando música do Racionais e zoando Jesus, sabendo que os caras colocam uma porra de uma cruz na capa do disco, sacou? E as músicas da UDR mudaram muito de perfil ao longo dos anos, velho. As letras ficaram, tipo, “tá chovendo porra de macaco”, “a volta da UDR é o terceiro segredo de Fátima”. Chegou num nível retardadice muito nonsense, assim.

O processo te trouxe problemas?

A exposição foi bem paia, né. Foi toda a exposição que eu sempre quis para um trabalho da minha vida, mas para um rolê bad vibe, falando que eu incitava o estupro, saca. E eu monitorei tudo nas redes sociais, tive muito sangue frio. Quando rolou o processo a gente ficou com aquele medo de ser preso. Minha esposa ficou preocupada, minha família ficou preocupada, eu fiquei com medo de perder meu trampo. Mas a galera da agência foi gente boa pra caralho, deu o maior apoio. Nos trampos, a galera sempre compreendeu. Eu estava há 15 anos na UDR, a galera já me contratava sabendo disso. Mas foi uma bad. Todo mundo que me encontra até hoje só fala disso. É um saco. Depois disso, a gente decidiu que era hora de acabar com a UDR.

Rolaram outras tretas judiciais com a banda, ao longo da carreira?

Teve um caso de processo antes, que foi o do Bonde das Impostoras. Na época, estava rolando essa onda de bondes, e tinha a UDR. Eles pediram para fazer uma música zoando a UDR. A gente falou que não tinha problema, mas que ia ter troco, que faríamos uma zoando eles. Beleza. Fizeram uma zoando o Bonde do Rolê, ninguém deu muita trela; depois fizeram uma zoando a UDR, que também não deu barulho. Aí fizemos uma música zoando o Diplo, o Bonde do Rolê e as Impostoras. Mas não era nem uma música, saca. A gente usou uma base podraça no computador e não tinha rima, a gente só xingava os pais da galera das bandas. Aí a advogada da galera falou: “esses meninos passaram dos limites” (risos). Mandaram a gente tirar do ar, negamos; aí chegou o processo e a gente tirou, pediu desculpas e ficou de boas.

Você acha que a UDR caberia em 2016?

Não tem como você tirar o tempo das coisas, né. As músicas que eles estão contestando no processo foram feitas num período cultural em aquilo era cabível, sacou? A galera ralava na boquinha da garrafa, velho. Um “Lavô Tá Novo” caberia hoje em dia? Não, não caberia. Mas naquela época, naquela cultura, cabia. Naquela cena da “Banheira do Gugu”, da hiperssexualização, das bundas na TV. Era a melhor mensagem do mundo? Não. Trazia algum tipo de empoderamento? Não. Tudo tem hora e lugar, aquela música não servia para isso.

Dá para fazer humor com tudo, Porquinho?

Cara, tecnicamente dá. Nem todo mundo pode fazer humor com tudo, mas dá pra fazer humor com tudo. O humor vem de contexto, de lugar de fala, de formas, de uma porrada de coisa. Claro, você não vai ser um Danilo Gentili e fazer uma piada racista, né velho. Esse humor não te pertence. Agora, um humorista negro que faz humor sobre racismo é okay. Eu não posso fazer uma piada zoando um cego de verdade, mas o Geraldo Magela pode, com propriedade.

E o lugar da UDR era de zoar todo mundo.

É, cara! Era o de ser o mais mongol possível, de chocar. Nunca foi “funk satanista”. O satanismo era a piada. E, depois, não era funk. Tinha pouco funk, na real. “Gigolô Autotidata” não é funk, é um beat eletro, saca? Teve uma época em que eu ia com a guitarra para o estúdio, tinha arranjo que tinha guitarra. A gente fez até reggae, velho. Chama “O Leão de Judá Não Mente Jamais” e fala: “Satanás se cansou de matar Jesus e se mandou para a Jamaica / Se transmutou Leão e viajou num balão fumando um monte de kaya”. É muito mongol, velho. O lance era ser mongol.

Voltando aos tempos atuais, como rolou essa nova formação do Grupo Porco?

Final de 2014, eu fui tocar com o Fodastic Brenfers no Stoner Party, uma festa do Merlin. O moleque toca baixo pra caralho, e perguntei se ele não animava tocar no Grupo Porco. Depois, o (Lucas) Mortimer também animou de assumir a batera. O cara tocava no Monograma, que era meio pau mole, não sabia se ele ia segurar a onda. Aí fiz uma base e no primeiro ensaio os caras tiraram a música de prima, saca. Em outubro de 2015 a gente soltou o “Feeling da Puta”. E, em, 2016 rolou o clipe de “Eu Sou Amigo da Sua Mãe do Badoo”, rolaram outros clipes, rolou a tour.

Quais as próximas aventuras do Porquinho?

Então, o Grupo Porco vai lançar o “Procrastinator” no ano que vem. Vão sair também umas sessions de vídeo que a gente gravou no Estúdio Verde, no Rio, um estúdio fodão onde a galera dos Novos Baianos ensaia. A gente tá investindo no Grupo Porco, saca. Queremos fazer a banda virar. Os caras tocam pra caralho, puxam o nível da banda. Fizemos uma pool party com o Carmen Fem e o Jota Quércia, que foi bem legal. Também tem isso, agora que essa formação da banda tem um ano, estamos descobrindo a nossa cena na cidade

Show do Fodastic Brenfers no Festival Permanente, em BH (divulgação)

E ainda tem o Fodastic.

É, o Fodastic Brenfers vai lançar disco novo também, provavelmente vai chamar “Banzai” (risos). Mas o processo do Fodastic é mais lento. O Pedro tem a Isso, que é a banda principal dele. Eu tenho o Grupo Porco. O Marcos e o Raul tocam no Madame Rose Selavíe. Raul tá fazendo doutorado e dá aula em faculdade, e o Pedro tá do outro lado, fazendo aula ainda, formando. A gente pegou uma cena diferente, que é a do stoner. Descobrimos essa cena em BH, que tá muito legal. E continuamos falando de brenfa. Quando a gente formou a banda, o Planet Hemp ainda não tinha voltado, aí falamos: “pronto, vamos preencher essa lacuna!”. Aí os caras voltam, porra! (risos) É engraçado que meus pais ficam loucos. “Você tá sendo processado e tem uma banda que chama Fodastic Brenfers? Porra, facilita! Chega de zoeira, toca com uma banda séria!” (risos) Mas não posso chegar até aqui e parar.