www.latinobarometro.org<\/a><\/span><\/p>\n\u00c9 preocupante nosso apoio \u00e0 democracia, como sistema prefer\u00edvel a qualquer outro: a posi\u00e7\u00e3o do Brasil \u00e9 a quinta pior (43% contra 53% da m\u00e9dia dos 18 pa\u00edses), s\u00f3 superando El Salvador, Guatemala, M\u00e9xico e Honduras. Ali\u00e1s, no geral da Am\u00e9rica Latina, o apre\u00e7o ao sistema democr\u00e1tico n\u00e3o demonstra ser um dado forte. \u00a0<\/span><\/p>\nEntretanto, estamos abaixo da m\u00e9dia, e, na maior parte dos quesitos<\/span><\/p>\npesquisados, os aproximadamente 2.000 brasileiros entrevistados ocupam o extremo da decep\u00e7\u00e3o no continente. Demos a pior nota para a qualidade de nossas institui\u00e7\u00f5es democr\u00e1ticas: 4,4, sendo a m\u00e9dia continental 5,5 (de 1 a 10). Apenas 1% dos brasileiros entende que o pa\u00eds vive uma democracia plena (m\u00e9dia de 5%) e 13% disseram estar satisfeitos com a democracia (m\u00e9dia de 30%), ambas as marcas mais baixas do estudo.<\/span><\/p>\nO governo da regi\u00e3o com menor \u00edndice de aprova\u00e7\u00e3o \u00e9 o brasileiro, 6%, sendo o de El Salvador o segundo mais impopular, com 17% de aprova\u00e7\u00e3o, e 36% a m\u00e9dia latino-americana. Esse resultado vai ao encontro das pesquisas internas sobre aprova\u00e7\u00e3o com vi\u00e9s de nulidade \u00e0 gest\u00e3o Temer. E, sobre a atual administra\u00e7\u00e3o federal, 97% dos brasileiros ouvidos afirmaram o pa\u00eds est\u00e1 governado por grupos poderosos em benef\u00edcio pr\u00f3prio (contra 75% de m\u00e9dia), mais uma vez, o valor mais extremo.<\/span><\/p>\nTamb\u00e9m s\u00e3o do Brasil as marcas mais graves de falta de confian\u00e7a no governo (apenas 8% confiam), nos partidos pol\u00edticos (7%) e nas outras pessoas (7%). A desconfian\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o ao Poder Legislativo s\u00f3 \u00e9 maior do que a dos paraguaios (11% contra 10%). A desconfian\u00e7a geral do brasileiro, refletida na falta de apre\u00e7o \u00e0s institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, resulta da impress\u00e3o de que a corrup\u00e7\u00e3o \u00e9 o problema mais grave que enfrentamos. Essa \u00e9 a opini\u00e3o de 31%, para uma m\u00e9dia de 10%, e tendo a Col\u00f4mbia em segundo lugar, bem mais atr\u00e1s, com 20%.<\/span><\/p>\nSe a percep\u00e7\u00e3o da gravidade da corrup\u00e7\u00e3o na esfera p\u00fablica \u00e9 um fen\u00f4meno estrategicamente fabricado, n\u00e3o importa mais porque pegou. Tentando ligar os pontos, ou os dados, a impress\u00e3o \u00e9 realmente de campo aberto para o messianismo na pol\u00edtica. O povo brasileiro, demonstrando extrema insatisfa\u00e7\u00e3o, quer mudan\u00e7as profundas uma vez que n\u00e3o confia nas institui\u00e7\u00f5es, entende que o governo \u00e9 de uma elite que n\u00e3o governa para ele e reprova a democracia. Contudo, para a promo\u00e7\u00e3o dessa mudan\u00e7a ansiada, n\u00e3o confia em si mesmo como elemento propulsor e protagonista, o que tamb\u00e9m \u00e9 um tra\u00e7o de falta de apre\u00e7o \u00e0 democracia, \u00e0 participa\u00e7\u00e3o popular.<\/span><\/p>\nEm 2012, um livro que ligava administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica \u00e0 macroeconomia virou best-seller rapidamente no mundo: \u201cPor que as na\u00e7\u00f5es fracassam\u201d (t\u00edtulo no Brasil), de Acemoglu e Robinson. O ponto central da obra \u00e9 a tese de que a prosperidade longeva de uma pa\u00eds, detect\u00e1vel, por exemplo, pelo n\u00edvel alto e ascendente de renda per capita, n\u00e3o se deve propriamente \u00e0s caracter\u00edsticas geogr\u00e1ficas, \u00e0 cultura de seu povo ou a pol\u00edticas econ\u00f4micas. O segredo s\u00e3o as institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas. E mais: n\u00e3o \u00e9 a bonan\u00e7a econ\u00f4mica de um pa\u00eds que redunda em institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas de boa qualidade (vide os casos de Jap\u00e3o e Argentina como exce\u00e7\u00f5es na hist\u00f3ria), mas sempre o inverso.<\/span><\/p>\nOs autores distinguem as institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas em dois tipos. As extrativistas s\u00e3o constitu\u00eddas por elites que atuam pela preserva\u00e7\u00e3o do status quo e rejeitam o ingresso da massa populacional no jogo. J\u00e1 as inclusivas est\u00e3o abertas \u00e0 participa\u00e7\u00e3o de grupos minorit\u00e1rios e, ao contr\u00e1rio das primeiras, balizam-se na democracia, na garantia de direitos como a liberdade de express\u00e3o para a promo\u00e7\u00e3o da educa\u00e7\u00e3o que, posteriormente, impulsionar\u00e1 o desenvolvimento tecnol\u00f3gico e esta, por sua vez, a prosperidade econ\u00f4mica.<\/span><\/p>\nA associa\u00e7\u00e3o entre aristocracia, desigualdade e pobreza m\u00e9dia \u00e9 direta e ela passa necessariamente, na vis\u00e3o de Acemoglu e Robinson, pela restri\u00e7\u00e3o ao conhecimento, ou seja, pela restri\u00e7\u00e3o a direitos civis. Por outro lado, a inclus\u00e3o pol\u00edtica garante maior probabilidade de desenvolvimento econ\u00f4mico do pa\u00eds, a exemplo das grandes democracias, gra\u00e7as ao investimento na educa\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\nComo alterar um quadro extrativista para outro inclusivo? Na segunda parte do livro, os professores relatam casos em que a ruptura hist\u00f3rica sempre est\u00e1 presente, ou radical, revolucion\u00e1ria ou ex\u00f3gena (pragas ou acidentes geogr\u00e1ficos grav\u00edssimos), ou gradual. A receita de bolo \u00e9 essa. Tomando por base o que o Brasil vem vivenciando de 2013 para c\u00e1, estamos caminhando em qual dire\u00e7\u00e3o no \u201ccontinuum\u201d subdesenvolvimento-desenvolvimento? Ao, aparentemente, a partir dos resultados do Latinobar\u00f3metro, desconfiarmos de n\u00f3s mesmos e renunciarmos \u00e0 potencialidade da condi\u00e7\u00e3o de fator de mudan\u00e7a, que tipo de institui\u00e7\u00e3o ajudamos a construir por omiss\u00e3o? Desinformados, seguimos encarnando simultaneamente os pap\u00e9is de v\u00edtimas e vil\u00f5es de n\u00f3s mesmos. \u00c9 o que parece.<\/span><\/p>\nSomos pobres porque n\u00e3o temos ades\u00e3o \u00e0 democracia. Seria esse o sentido l\u00f3gico. Defender e atuar por golpes de Estado em favor de um pretenso desenvolvimento econ\u00f4mico \u00e9 fal\u00e1cia hist\u00f3rica e te\u00f3rica j\u00e1 catalogada. Mas ignoramos a literatura, uma vez que a ignor\u00e2ncia \u00e9 pol\u00edtica p\u00fablica de primeira ordem.<\/span><\/p>\n[\/vc_column_text][vc_empty_space empty_h=”2″][vc_raw_html]JTNDZGl2JTIwY2xhc3MlM0QlMjJmYi1jb21tZW50cyUyMiUyMGRhdGEtaHJlZiUzRCUyMmh0dHAlM0ElMkYlMkZ3d3cub2JlbHRyYW5vLmNvbS5iciUyRnBvcnRmb2xpbyUyRmFudGlkZW1vY3JhY2lhLWUtcmV0cm9jZXNzby1wcmVzZW50ZSUyRiUyMiUzRSUzQyUyRmRpdiUzRQ==[\/vc_raw_html][\/vc_column][\/vc_row][vc_row row_height_percent=”0″ back_color=”color-uydo” overlay_alpha=”50″ gutter_size=”3″ shift_y=”0″][vc_column width=”1\/1″][vc_empty_space empty_h=”2″][vc_column_text]<\/p>\n
Pol\u00edtica<\/strong><\/h5>\n[\/vc_column_text][vc_single_image media=”55050″ media_width_use_pixel=”yes” media_width_pixel=”100″][vc_custom_heading text_size=”h3″ text_font=”font-157049″ text_weight=”500″]Jo\u00e3o Gualberto Jr.<\/span><\/p>\n[\/vc_custom_heading][vc_column_text]Jornalista, economista e cientista pol\u00edtica<\/span>[\/vc_column_text][vc_empty_space empty_h=”2″][\/vc_column][\/vc_row]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"Jo\u00e3o Gualberto Jr.
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Antidemocracia \u00e9 retrocesso presente - O Beltrano<\/title>\n\n\n\n\n\n\n\n\n\n\n\n\t\n\t\n\t\n\n\n\t\n