[\/vc_column_text][vc_column_text]<\/p>\n
<\/p>\n Um cientista pol\u00edtico renomado cravou que Jair Bolsonaro n\u00e3o aparece em qualquer planilha de empreiteira grande, como receptor de caixa 2 ou de outro tipo de pec\u00fania ilegal, porque n\u00e3o \u00e9 e nunca foi um parlamentar relevante. Logo, por sua incapacidade de influenciar colegas ou sustentar demandas perante a opini\u00e3o p\u00fablica, sequer os grandes corruptores se ocuparam dele.<\/span><\/p>\n Se apenas parcela desse diagn\u00f3stico for verdadeira, do desdobramento dessa inferida irrelev\u00e2ncia o deputado fluminense, agora no PSL, ao menos converteu-se naquilo que \u00e9 o maior estandarte de sua pretens\u00e3o presidencial: a incorruptibilidade. O problema \u00e9 que quando probidade, quando cumprir leis, \u00e9 tra\u00e7o de comportamento not\u00e1vel o suficiente para ser capitalizado em marketing, o candidato \u00e9 med\u00edocre e o sistema est\u00e1 f***do.<\/span><\/p>\n Mas quem procura acha, e a imprensa achou. A imagem de limpeza de conduta do reservista do Ex\u00e9rcito come\u00e7ou a ser desconstru\u00edda, e pra valer. O estandarte tem p\u00e9 de cristal fr\u00e1gil. Nada a surpreender e, sinceramente, n\u00e3o existia motivo para esperar do presidenci\u00e1vel pr\u00e1ticas mais limpas do que as disseminadas no semianonimato do baixo clero da C\u00e2mara, de onde emergiu. Bastava rep\u00f3rteres e jornais investirem que encontrariam algo. E, se n\u00e3o haviam feito isso ainda, a raz\u00e3o \u00e9 a mesma que explicaria a aus\u00eancia do personagem nas listas de Odebrecht e cia. ltda.: a irrelev\u00e2ncia.<\/span><\/p>\n Mas Bolsonaro conquistou a relev\u00e2ncia de quem come\u00e7a um ano eleitoral com pelo menos 20% de inten\u00e7\u00f5es de voto para presidente; de quem foi al\u00e7ado \u00e0 condi\u00e7\u00e3o de avatar de uma parcela da sociedade brasileira cujo medo do diferente pariu o \u00f3dio, a discrimina\u00e7\u00e3o e a viol\u00eancia. \u00c9 ele o eleito pelos fascistas (inconscientes e esclarecidos), que rejeitam a pol\u00edtica em favor da viol\u00eancia institucionalizada.<\/span><\/p>\n \u00c0 medida que ajunta prest\u00edgio, o pol\u00edtico ganha o holofote da imprensa, o que pode ser bom ou ruim para ele. Melhor pensando, a tend\u00eancia \u00e9 que seja ruim, no m\u00ednimo arriscado. A \u201cFolha de S.Paulo\u201d produziu uma s\u00e9rie de reportagens que desvelaram um pouco da impureza de Bolsonaro e seu car\u00e1ter ordin\u00e1rio em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 categoria de que faz parte. Foram apresentadas pr\u00e1ticas delituosas e imorais, de varejo pequeno, dele e dos filhos \u2013 tamb\u00e9m carreiristas de Legislativo: transa\u00e7\u00f5es imobili\u00e1rias escusas e subdeclaradas, meios irregulares de financiamento de campanha, contrata\u00e7\u00e3o de funcion\u00e1rio fantasma pelo gabinete, nepotismo, destina\u00e7\u00e3o particular do cot\u00e3o do mandato e por a\u00ed a fora. As respostas do deputado, registradas em v\u00eddeo, destemperadas e toscas como de costume, s\u00f3 ajudaram a aprofundar o buraco.<\/span><\/p>\n Come\u00e7a o ano eleitoral e, com ele, os esfor\u00e7os de desconstru\u00e7\u00e3o dos candidatos outsiders. Que Bolsonaro n\u00e3o \u00e9 c\u00e2ndido, repita-se, n\u00e3o carece destaque. Merece nota \u00e9 o empenho do maior jornal do pa\u00eds em apurar e publicar na capa essas falcatruazinhas dele. Seria um sinal de descarte ordenado pelas leg\u00edtimas for\u00e7as de direita, um empurr\u00e3o para fora da pista?<\/span><\/p>\n Na mesma semana em que saiu essa s\u00e9rie de reportagens, o \u201cValor\u201d publicou uma entrevista com Fernando Henrique Cardoso. A emin\u00eancia da centro-direita brasileira fazia um apelo para que Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PSD) e Rodrigo Maia (DEM) construam um acordo visando uma \u00fanica chapa presidencial. Bolsonaro n\u00e3o foi destinat\u00e1rio da mensagem do ex-presidente.<\/span><\/p>\n O deputado militar j\u00e1 teve suas tratativas com agentes do mercado financeiro, depois das quais pareceu ter amansado e desnacionalizado suas \u201cideias\u201d para a economia. Alguma coisa elogiosa a ele tamb\u00e9m saiu na imprensa, demonstrando que empres\u00e1rios e rentistas o consideravam uma op\u00e7\u00e3o vi\u00e1vel para ocupar o Planalto. Traduza-se: melhor que Lula \u00e9 qualquer um que consiga derrot\u00e1-lo.<\/span><\/p>\n Entretanto, essa s\u00e9rie da Folha desconstruindo Bolsonaro pode ser resultado de um esfor\u00e7o em tir\u00e1-lo do p\u00e1reo, para deixar o campo da direita livre para essa \u201cchapa de consenso\u201d ungida por FHC, mais polida e cheirosa \u00e0 fei\u00e7\u00e3o de Chicago. De duas, uma (ou as duas mesmo): ou as for\u00e7as-motrizes liberais\/conservadoras n\u00e3o conseguiram ver capacidade t\u00e9cnica e pol\u00edtica em Bolsonaro; ou t\u00eam certeza da condena\u00e7\u00e3o de Lula pela Justi\u00e7a, a \u00fanica alternativa para barrar o pai petista.<\/span><\/p>\n Agora, imaginemos um p\u00e1reo sem Lula, ficha-suja impugnado, e sem Bolsonaro, desconstru\u00eddo na esfera p\u00fablica e\/ou desistente de sua aventura presidencial. Bem, as pesquisas de inten\u00e7\u00e3o de voto de momento mostram que, nos cen\u00e1rios sem Lula, o maior benefici\u00e1rio \u00e9 justamente Bolsonaro. Contrassenso? N\u00e3o. Claro que, para o eleitor ideol\u00f3gico, s\u00e3o \u00e1gua e vinho. Mas n\u00e3o \u00e9 heresia esse chaveamento entre op\u00e7\u00f5es para um perfil de eleitor mais pragm\u00e1tico. A explica\u00e7\u00e3o est\u00e1 na deposi\u00e7\u00e3o de esperan\u00e7a nessas duas figuras pelo contingente mais necessitado: basicamente, anseia-se por mais conforto material, emprego, renda, iogurte, moto 125cc, TV de led e churrasco de picanha; anseio que s\u00f3 (o m\u00ednimo de) carisma de estadista atrai, mas n\u00e3o o sistema econ\u00f4mico.<\/span><\/p>\n Com Lula condenado e Bolsonaro desnudo, o que sobra para o pov\u00e3o? \u00c9 prov\u00e1vel, um card\u00e1pio que n\u00e3o o fa\u00e7a salivar e muito menos lhe d\u00ea sustan\u00e7a. E o abismo entre a pol\u00edtica e o povo s\u00f3 engordar\u00e1, como a fome de esperan\u00e7a.<\/span><\/p>\n Dois quadros<\/span><\/p>\n Muita \u00e1gua vai rolar, mas ficam aqui duas situa\u00e7\u00f5es para acompanharmos at\u00e9 outubro. Uma \u00e9 a defini\u00e7\u00e3o da chapa de continuidade ao governo Temer. Que desafio enorme ter viabilidade eleitoral com esse DNA governista! Se programa liberal no Brasil n\u00e3o tem vez na urna, ainda mais filho de chocadeira de quem tem 3% de aprova\u00e7\u00e3o popular!<\/span><\/p>\n Sabendo disso, entre Alckmin, Meirelles e Maia, a aposta mais prov\u00e1vel \u00e9 no governador tucano, por ser, dos tr\u00eas pr\u00e9-candidatos, o mais descolado da impopularidade sem miseric\u00f3rdia que marcou os \u00faltimos 20 meses. De toda forma, ser\u00e1 dif\u00edcil convencer o eleitor de que, mesmo sendo do PSDB (o PMDB do PMDB de Temer), far\u00e1 um governo mais venturoso do que a gest\u00e3o draconiana que o pr\u00f3prio tucanato sustentou e urdiu pelo golpe.<\/span><\/p>\n Meirelles, sendo um dos principais ministros, teria como cabos eleitorais os grandes n\u00fameros de recupera\u00e7\u00e3o firme da economia brasileira e seus transbordamentos sociais. Eles n\u00e3o existem, logo, n\u00e3o vai ter. Maia, presidente da C\u00e2mara, como \u201cchefe dos deputados\u201d, tem em seu curr\u00edculo o papel de fiador, de facilitador de todas as tacadas impopulares que a administra\u00e7\u00e3o Temer passa no Congresso. Est\u00e1 mal.<\/span><\/p>\n Alckmin, apesar de tucano, tinha os pr\u00f3prios problemas para administrar, manteve um discurso pelo menos em cima do muro em rela\u00e7\u00e3o a Temer, foi um dos primeiros a defender que o partido pulasse do barco (auto-estrategicamente), tem biografia de palanque e \u00e9 \u201ca elite paulista\u201d. Vamos esperar para ver que grau ser\u00e1 permitido de contamina\u00e7\u00e3o originado dos apoios de Temer, seu PMDB e seus aliados. Eles podem ser importantes nas costuras internas, mas horr\u00edveis diante das c\u00e2meras.<\/span><\/p>\n A segunda situa\u00e7\u00e3o diz respeito a Bolsonaro. Se se confirmar ser ele um enorme bal\u00e3o ou cavalo do Paraguai, importar\u00e1 menos. Quem o apoia por pensamento e por esperan\u00e7a medrosa confirmar\u00e1 seu direito a voto, escolhendo, por esse vi\u00e9s de prefer\u00eancia, deputados, senadores e governadores. O que fez Bolsonaro relevante n\u00e3o foram seus pr\u00f3prios m\u00e9ritos (se existirem), mas a onda na qual surfa. Ela ainda n\u00e3o quebrou na praia, provavelmente n\u00e3o quebrar\u00e1 neste ano. Ainda est\u00e1 suficientemente distante para se avultar mais? Se a sociedade de banhistas inteira n\u00e3o se mobilizar para barr\u00e1-la antes que bata \u00e0 areia, ela vai crescer e, n\u00e3o tenhamos d\u00favida, haver\u00e1 outro a querer surfar nela.<\/span><\/p>\n [\/vc_column_text][vc_empty_space empty_h=”2″][vc_raw_html]JTNDZGl2JTIwY2xhc3MlM0QlMjJmYi1jb21tZW50cyUyMiUyMGRhdGEtaHJlZiUzRCUyMmh0dHAlM0ElMkYlMkZ3d3cub2JlbHRyYW5vLmNvbS5iciUyRiUzRnBvc3RfdHlwZSUzRHBvcnRmb2xpbyUyNnAlM0Q2NjU2NyUyNnByZXZpZXclM0R0cnVlJTIyJTNFJTNDJTJGZGl2JTNF[\/vc_raw_html][\/vc_column][\/vc_row][vc_row row_height_percent=”0″ back_color=”color-uydo” overlay_alpha=”50″ gutter_size=”3″ shift_y=”0″][vc_column width=”1\/1″][vc_empty_space empty_h=”2″][vc_column_text]<\/p>\n [\/vc_column_text][vc_single_image media=”55050″ media_width_use_pixel=”yes” media_width_pixel=”100″][vc_custom_heading text_size=”h3″ text_font=”font-157049″ text_weight=”500″]Jo\u00e3o Gualberto<\/span><\/p>\n <\/p>\n [\/vc_custom_heading][vc_column_text]Jornalista, economista e cientista pol\u00edtico<\/span>[\/vc_column_text][vc_empty_space empty_h=”2″][\/vc_column][\/vc_row]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Jo\u00e3o Gualberto![\"\"](\"http:\/\/www.obeltrano.com.br\/site\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/0149b2d211f526933e160fce788ae235_XL-1.jpg\")
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