Adeus a Flávio Henrique e o alerta da febre amarela

Em dia triste e de luto, músico Flávio Henrique, presidente da Empresa Mineira de Comunicação, é mais uma vítima da febre amarela em Minas Gerais, elevando para 16 o número de óbitos no Estado em decorrência da doença. Médicos alertam para a necessidade de vacinação e também para as restrições a grupos que podem ter efeitos colaterais da vacina, como gestantes com mais de três meses de gravidez e idosos acima dos 60 anos.


por Lucas Simões e Rafael Mendonça

reprodução/facebook

Após oito dias internado, o músico Flávio Henrique, de 49 anos, presidente da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que engloba a Rádio Inconfidência e a Rede Minas, morreu na manhã desta segunda-feira (18/01), vítima de febre amarela. Com a morte de Flávio Henrique, são 16 óbitos em Minas Gerais causados pela doença, sendo dois deles em Belo Horizonte, além de 22 casos confirmados de febre amarela. As estatísticas mostram um cenário preocupante de epidemia que demanda maciça campanha de vacinação  promovida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e também pelo Ministério da Saúde.

Internado no Hospital Mater Dei desde o dia 11 de janeiro, Flávio Henrique faleceu às 7h30 da manhã de hoje devido a complicações da febre amarela. Nos últimos dias, amigos e pessoas ligadas à cena cultural realizaram uma imensa campanha para doação de sangue para o artista, ainda sem saber qual era o diagnóstico preciso. A confirmação da febre amarela foi divulgada pelo hospital apenas nesta quarta-feira (17/01), um dia antes do óbito.

Flávio Henrique Alves de Oliveira era um dos músicos mais admirados da cidade. Integrante do quarteto Cobra Coral, ao lado de Pedro Morais, Kadu Vianna e Mariana Nunes, ele também teve frutíferas parcerias com gigantes como Milton Nascimento, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Vander Lee e Toninho Horta. Flávio também ressignificou o carnaval belo-horizontino, ao escrever a letra da marchinha “A Coxinha da Madrasta”, primeiro hit do novo Carnaval político da capital mineira, em 2012, fazendo uma crítica às atuações do então presidente da Câmara Municipal, o vereador Léo Burguês, que usou sua verba indenizatória para comprar comida na lanchonete da própria madrasta.

SAUDADES

por Rafael Mendonça

Conheci Flávio Henrique em uma antiga casa de shows de BH chamada Mister Beef. Era tipo 1995 (talvez 1996) e se não me trai a memória acontecia um show do Trio Amaranto… Faz tempo. De lá pra cá foram um sem número de encontros. Pelas ruas, bares, jogos do galo e shows dessa cidade. Músico de talento ímpar, sagaz, sensível e inspirado. Compôs pérolas e mais pérolas. Incontáveis. De espírito e de alma participou de muita coisa importante. Coisas comerciais, coisas do coração.

Cara de humor excelente e grandes histórias, sempre contadas em alegres mesas.

Sentirei saudades desses encontros. Às vezes frequentes, às vezes raros. Mas sempre muito bons. Horas de bom papo e alegria garantida. Vai na paz irmão. Sua obra fica.

reprodução/prefeitura de Itabira

Cenário

Desde junho do ano passado, Belo Horizonte e o Estado de Minas Gerais vêm enfrentando grave situação diante do avanço da febre amarela, que também pode ser percebido em estados como São Paulo, Bahia, Maranhão e Piauí, por exemplo. Além dos 16 óbitos em Minas Gerais e outros 22 casos de febre amarela confirmados no Estado, pelos menos outros 46 possíveis casos continuam em investigação nas cidades de Barra Longa (1), Belo Horizonte (4), Brumadinho (4), Caeté (2), Carmo da Mata (1), Carmo do Parnaíba (1), Estrela do Indaiá (1), Itatiaiuçu (1), Itaúna (2), Juiz de Fora (1), Mariana (9), Nova Lima (3), Piranga (1), Poço Fundo (1), Ponte Nova (1), Porto Firme (3), Rio Acima (1), Sabará (2), Santa Bárbara (2), Santa Luzia (1), Santa Rita de Minas (1), São Gonçalo do Rio Abaixo (1), Teófilo Otoni (1) e Viçosa (1).

Diante desse cenário, uma intensa campanha de vacinação tem sido promovida pelo Estado. Segundo a SES-MG, atualmente a cobertura vacinal contra febre amarela em Minas Gerais está em torno de 82%. Ainda assim, há uma estimativa de 3,5 milhões de pessoas não vacinadas, especialmente na faixa etária entre 15 e 59 anos, idades mais acometidas pela epidemia de febre amarela silvestre ocorrida em 2017. Por isso, tanto o Estado quando as prefeituras têm reforçado a necessidade da vacinação. Neste sábado (20/01), todos os postos de saúde de Belo Horizonte vão realizar um mutirão para aplicar a vacina.

Quem pode se vacinar

A febre amarela é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, hospedeiros da doença em sua forma silvestre, a única que ainda causa surtos no Brasil, já que os casos de febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo transmissor da dengue, não são registrados no país desde 1942. Os principais sintomas da doença são dor de cabeça, febre, vômito e dores musculares e nas articulações do corpo. Em estágio mais grave, pode haver inflamação e sangramentos do fígado e rins, causando a morte.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacina contra a febre amarela continua sendo a mesma: um soro que utiliza o vírus atenuado para criar anticorpos contra ele. A diferença, segundo a SBIm, é que em alguns Estados a dose é fracionada, ou seja, contém 0,1 mL do soro, que seria um quinto da dose padrão. A dose fracionada imuniza a pessoa por pelo menos oito anos, enquanto a dose não fracionada oferece imunidade para a vida inteira, sendo necessária apenas uma vacinação.Questionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG) informou que o “fracionamento de doses é uma orientação do governo federal (Ministério da Saúde) para alguns estados brasileiros. Minas Gerais não está entre esses Estados e não utilizará o fracionamento de doses”.

Apesar dos altos riscos de mortalidade e da intensa campanha de vacinação focada na faixa etária entre 9 meses e 59 anos, nem todas as pessoas estão aptas a serem vacinadas, segundo o médico Omar Lopes Cançado, coordenador do MG Transplantes. Segundo ele, há riscos para grávidas com mais de três meses de gestação e mulheres que amamentam, bebês com menos de 9 meses, idosos com mais de 60 anos, pessoas com doenças autoimunes e diabéticos com altos níveis de açúcar no sangue. Em todos esses casos, é recomendável uma consulta com o médico para avaliar a seguridade da vacinação.

“Se a pessoa está em um desses grupos, a melhor alternativa é consultar um médico para saber da real necessidade da vacina. Grávidas com mais de três meses de gestação podem ter complicações e, em muitos casos, o ideal é que elas não estejam em áreas de risco. Assim como em bebês menores de 9 meses, existe um alto risco de haver mais efeitos colaterais do que proteção, uma vez que o sistema imunológico deles ainda está sendo reforçado e construído. Isso vale para idosos com mais de 60 anos também e alguns diabéticos. Se a pessoa se encaixa nesse quadro, tem que consultar um médico.”, reforça Omar Lopes.

POSTOS DE SAÚDE QUE ESTÃO VACINANDO EM BH

Independência:

Rua Maria Antonieta Ferreira, 151, Independência

Santa Cecília: Rua Paulo Duarte, 280

Túnel de Ibirité: Rua Marli Passos, 225

Vale do Jatobá: Rua Luiz Leite de Faria, 171

Centro-Sul

Centro de Saúde Oswaldo Cruz: Rua Uberaba, 2.061, Barro Preto

Centro de Saúde Nossa Senhora de Fátima: Rua Corinto, 450, Serra

Serviço de Atenção à Saúde do Viajante: Rua Paraíba, 890, Funcionários

Leste

Centro de Saúde Pompeia: Rua Leopoldo Gomes, 440

Centro de Saúde Marco Antonio de Menezes: Rua Petrolina, 869/871, Horto

Centro de Saúde Paraíso: Avenida Mém de Sá, 1.001

Nordeste

Centro de Saúde Gentil Gomes: Rua Manoel Passos, 580, Santa Cruz

Centro de Saúde São Paulo: Rua Angola, 357, São Paulo

Centro de Saúde Olavo Albino Corrêa: Rua Papa Honório III, 8, Ouro Minas

Noroeste

Centro de Saúde Dom Cabral: Praça da Comunidade, 40

Centro de Saúde Santos Anjos: Rua Miosótis, 15, Caiçara

Centro de Saúde Pindorama: Rua Rutilo, 96URS

Padre Eustáquio: Rua Padre Eustáquio, 1.951

Norte

Centro de Saúde Jaqueline I: Rua Agenor de Paulo Estrela, 200

Centro de Saúde São Bernardo: Rua Vasco da Gama, 334

Centro de Saúde Aarão Reis: Rua Oliveira Fortes, 40

Centro de Saúde Novo Aarão Reis: Avenida Um, 200

Centro de Saúde Floramar: Rua Joaquim Clemente, 381

Oeste

Centro de Saúde Noraldino de Lima: Avenida Amazonas, 4.373, Gameleira

Centro de Saúde Cabana: Rua Centro Social, 356

Centro de Saúde Betânia: Rua Canoas, 678

Centro de Saúde Vila Leonina: Praça do Ensino, 240, Alpes

Pampulha

Centro de Saúde Santa Amélia: Rua Engenheiro Pedro Bax, 220

Centro de Saúde Santa Terezinha: Rua Senador Virgílio Távora, 157

Venda Nova

Centro de Saúde Andradas: Rua Mariana Amélia de Azevedo, 21, São João Batista

Centro de Saúde Jardim Europa: Rua Haia, 146

Centro de Saúde Jardim Leblon: Rua Humberto Campos, 581

Centro de Saúde Lagoa: Rua José Sabino Maciel, 176

Centro de Saúde Minas Caixa: Rua Capitão Sérgio Pires, 226

Centro de Saúde Nova York: Rua Wilton Marques Pereira, 10

Centro de Saúde Mantiqueira: Rua Maria Luiza Lara, s/nº