Escrita delas, regras delas

Escritora Flávia Péret relança seu livro com roda de conversa com escritoras neste domingo.


Foto: Daniel Bilac (estúdio Guayabo)

Na tarde do próximo domingo, 2 dezembro, a partir das 15h, a escritora mineira Flávia Péret lança a segunda edição de seu livro “Uma mulher” (Guayabo, 2018) no Teatro Espanca! (Rua Aarão Reis, 542, Centro – Belo Horizonte, MG). Publicado pela primeira vez em abril de 2017, o título se esgotou em apenas algumas semanas. Com design assinado por Valquíria Rabelo, vencedora do 59º Prêmio Jabuti na categoria projeto gráfico, os novos exemplares são inspirados nos pañuelos verdes, símbolo do movimento argentino a favor do direito das mulheres não serem criminalizadas pelo aborto.

Leia o manifesto:

corpos reunidos mulheres, escrita e resistência

Foto: Daniel Bilac (estúdio Guayabo)

Em 2018, assassinaram a vereadora e ativista Marielle Franco e vimos chegar ao poder um homem misógino, que se elegeu disseminando discursos de ódio contra as mulheres, as mulheres negras e a população LGBT. Foi um ano de muitíssimos golpes – esse golpe que não para de produzir medo, desigualdade e desinformação. Diante disso, como reverter esse sentimento de impotência que nos atinge?

Em uma pequena publicação, chamada Guia para exigir o impossível, é dito que as ações políticas mais bem sucedidas são aquelas que nos mostram outros futuros possíveis e nos fazem experimentar o gosto dos nossos sonhos. Judith Butler também fala da importância de fazer política com o corpo: reunir os corpos para pensarmos estratégias e seguirmos adiante, com alegria, rebeldia, amor e, acima de tudo, liberdade.

Por tudo isso, resolvemos mudar a perspectiva e olhar para aquilo que nós mulheres (brasileiras, cis, brancas, negras, indígenas, trans, lésbicas, quilombolas, latino-americanas) produzimos de potência, de invenção de outros modos de existir e ocupar as ruas, a política, nossa própria intimidade (nossas casas, nossos relacionamentos afetivos, nossos laços), a literatura. Enumeramos aqui importantes vitórias coletivas:

– Áurea Carolina, nossa vereadora do coração, foi eleita deputada federal pela iniciativa MUITAS, com mais de 160 mil votos.

– Além de Áurea Carolina, muitas mulheres negras e periféricas se elegeram: Andréia de Jesus (PSOL-MG), Érica Malunguinho (PSOL-SP), Talíria Petrone, Renata Souza, Mônica Francisco e Dani Monteiro (PSOL-RJ), Olívia Santana (PCdoB-BA), Robeyoncé Lima (PSOL-PE), dentre outras.

– Duda Salabert, professora e mulher trans, candidatou-se a uma vaga no senado federal, também pelo MUITAS, e teve mais de 250 mil votos.

– No Chile, estudantes organizaram greves em mais de vinte universidades, exigindo leis contra o assédio sexual dentro das instituições.

–Milhares de mulheres de todas as idades ocuparam as ruas da Argentina, de Salta a Ushuaia, em uma mobilização histórica a favor do direito das mulheres não serem criminalizadas pelo aborto.

– Um grupo de Facebook chamado “Mulheres contra Bolsonaro” conseguiu, em menos de uma semana, mais de 1 milhão de seguidoras e foi um dos principais articuladores de uma das maiores passeatas desde as Diretas Já. No dia 29 de setembro, milhares de mulheres também ocuparam as ruas de norte a sul do Brasil, com a frase #EleNão.

Foto: Daniel Bilac (estúdio Guayabo)

Para celebrar todas essas conquistas, decidimos fechar este ano com uma grande comemoração em torno da produção coletiva e criativa das mulheres. Vamos lançar a segunda edição do livro “Uma Mulher”, dedicada a Áurea Carolina e às argentinas, com seus pañuelos verdes. Nossa ideia não é fazer um lançamento tradicional, mas uma grande roda onde diversas mulheres podem conversar sobre o que significa, a partir de agora, continuar escrevendo.

Venha passar conosco a tarde de domingo, dia 2 de dezembro, a partir das 15h, com literatura, comida, conversa e música no Teatro Espanca! (Rua Aarão Reis, 542, Centro, Belo Horizonte – MG). A roda está aberta a qualquer mulher que queira participar.