Fanzinoteca, a biblioteca dos independentes

Fanzinoteca Faísca, instalada na Usina de Cultura, é pioneira em reunir acervo com mais de 300 publicações independentes, entre zines, livros, pôsteres e fotografias


Por Lucas Simões

Foto: Victor Schwaner/Área de Serviço

Ao longo de três anos, a Faísca – Mercado Gráfico jogou luz sobre uma rica produção literária e visual independente de Belo Horizonte, se tornando referência para pequenas publicações na cidade e atraindo atenção do resto do país. Chegando a reunir até 350 expositores desde o começo, o evento encerrou sua terceira temporada neste ano e agora abre as portas para um projeto maior. Inaugurada nesta quinta-feira (30/11), a Fanzinoteca Faísca é a primeira biblioteca pública dedicada a publicações independentes da cidade.

Instalada na Usina de Cultura, no bairro Ipiranga (rua Dom Cabral, 765), a Fanzinoteca surgiu após a Faísca – Mercado Gráfico encerrar sua terceira temporada em outubro deste ano, com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, mas sem previsão de novo patrocínio para o ano que vem. Em três anos, foram 23 edições realizadas sempre no terceiro sábado de cada mês, no BDMG Cultural, além de participações no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ).

“Com a experiência de todas as feiras, fomos percebendo a qualidade dos artistas envolvidos, a diversidade das produções (zines, pôsteres, ímãs, fotografias), mas vimos que essas publicações independentes, por serem produzidas em pequenas tiragens, não estão em bibliotecas, lojas e bancas. Mas, pelo volume de pessoas produzindo, existe um acervo muito grande”, explica Helen Murta, da Pulo Comunicação e Arte, realizadora da Fanzinoteca e da feira Faísca.

A Fanzinoteca conta, neste início, com cerca de 300 publicações independentes, todas doadas pelas centenas de expositores e pequenas editoras que passaram pela Faísca. Entre elas, desde trabalhos que destrincham a própria capital mineira, como o livro “Baixo Centro”, do quadrinista Jão, ou a conhecida série de zines “A Zica”, publicação coletiva de artistas de todo país editada pela Urubois; até mesmo instigantes obras de fora, como o zine “Narco”, da colombiana Lina Ibáñez, também chamado de “zine consumível” por vir acompanhado de uma farinha de milho pré-cozida com aparência semelhante à cocaína, mas que serve para preparar um prato típico da Colômbia, a arepa.

Todos os títulos são divididos em duas categorias, à medida em que são doados. A primeira engloba zines, livros e revistas e já soma um acervo de 125 publicações. A segunda, reunindo pôsteres, ilustrações, cartões postais e fotografias tem 200 obras até então. Todas estarão disponíveis para consulta gratuita do público, sendo que os títulos repetidos serão catalogados na própria biblioteca da Usina de Cultura, permitindo que qualquer um possa levar as publicações para casa, como empréstimo.

“Já estamos reunindo as publicações em dobro para que possam ser emprestadas. Mas, além das próprias publicações doadas, também vamos deixar na Fanzinoteca dez cadernos em branco confeccionados pelos expositores para que o público possa criar também, interagir. É uma ideia de estimular a participação e colaboração de quem vier à Fanzinoteca”, diz Helen.

Programação.

Toda a programação da Fanzinoteca Faísca, como lançamentos de livros, saraus e horários de funcionamento pode ser consultada neste link: https://www.facebook.com/mercadofaisca/