Izidora pressiona Kalil

Ocupação cobra diálogo e regularização fundiária, comunidade do Izidora quer ser incluída no Plano Diretor do município como Área de Especial Interesse Social


Por Petra Fantini

Coletivo Ocupa a Mídia

Nos últimas segunda (19) e terça (20), famílias da Ocupação Izidora acamparam em frente ao prédio da Prefeitura, na avenida Afonso Pena. Os manifestantes reivindicavam um encontro com o prefeito Alexandre Kalil, que até então ignorou as solicitações enviadas pelos líderes comunitários. Sob pressão, uma reunião foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 28.

“O acampamento foi a maneira encontrada para chamar a atenção do prefeito”, disse a advogada popular Thais Firmato, do Coletivo Margarida Alves, que acompanha a Izidora há quatro anos. “A gente dormiu ao relento mesmo. Alguns poucos trouxeram barracas e a gente dormiu na marquise”. Segundo ela, havia de 300 a 400 famílias no ato.

 

 

Um encontro com Kalil e a secretária de políticas urbanas Maria Caldas é esperado desde dezembro quando, em uma reunião na Urbel, foi assinada uma carta garantindo o agendamento. Depois disso, três ofícios e e-mails foram enviados solicitando o agendamento.

 

Regularização

A urgência do encontro acontece em função da iminência da apresentação do Plano Diretor do município para votação na Câmara Municipal, esperada ainda para março. A comunidade do Izidora quer ser incluída no plano como Área de Especial Interesse Social (AEIS), primeiro passo para a regularização fundiária e urbanização. Localizada na Região Norte da capital, a Izidora é formada pelas ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória.

Na campanha para a Prefeitura em 2016, Kalil, eleito pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), prometeu apoiar e regularizar a ocupação (https://goo.gl/EyRffH). Há exatamente um ano das manifestações dessa semana, em 20 de março de 2017, a Prefeitura desistiu da ação de reintegração de posse de uma pequena parte da Rosa Leão. De lá para cá, entretanto, não foram tomadas iniciativas para assegurar a regularização e a permanência definitiva das famílias, segundo Tulio Freitas, das Brigadas Populares.

Em 28 de janeiro deste ano, o prefeito esteve na comunidade e prometeu a construção de um centro de saúde e a pavimentação da via principal. “Ele chegou lá no domingo. Na sexta-feira anterior, ele mandou maquinário (de asfaltamento) para lá. Quando foi segunda-feira, o representante da Urbel, Cláudio (Beato), falou que não tinha condição da Prefeitura fazer aquilo e que iria retirar todo o maquinário de lá”, diz Tulio. As obras do centro de saúde ainda não foram iniciadas.

 

Coletivo Ocupa a Mídia

A prioridade da Izidora é ser classificada como AEIS. Sem a regularização, não é possível pedir a instalação de energia elétrica e de água e esgoto aos órgãos do governo estadual. E não se afasta o risco de desocupação, dificultando uma eventual negociação com os empresários Paulo Henrique e Ângela Werneck, a sociedade Granja Werneck S.A, proprietários da área e que têm planos para erguer ali um empreendimento imobiliário.

Coletivo Ocupa a Mídia

A reportagem enviou uma série de perguntas para a Diretoria Central de Imprensa da Prefeitura a respeito da ocupação Izidora. Em resposta, disseram que “a Prefeitura de Belo Horizonte vai se posicionar a respeito da Ocupação Izidora somente depois da reunião agendada para a quarta-feira, dia 28 de março, entre o prefeito Alexandre Kalil e lideranças do movimento social”.