Lula em Diamantina

Bocaiuva e Diamantina marcaram o sexto dia da caravana de Lula em Minas. Ato em Belo Horizonte encerra a viagem nesta segunda


Por Kerison Lopes

Enviado especial de O Beltrano

Foto: Ricardo Stuckert

Dois atos públicos marcaram o sexto dia da caravana de Lula em Minas. O primeiro, encerrou a viajem pelo Norte de Minas, em Bocaiuva. O outro foi realizado em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.

 

Em Diamantina, Lula começou seu discurso confessando-se cansado pelos dias de viagem. “Por isso minha voz está ainda mais rouca”. E citou o legado do ex-presidente Juscelino Kubitscheck, que disse ser uma “referência” para sua vida política. Quando o presidente pediu água para “refrescar a garganta”, foi surpreendido por uma garrafa de cachaça, que chegou ao palanque levada por alguém do público.

 

Lula aproveitou para uma ironia. “Imagine o Moro, o Ministério Público, a Polícia Federal vendo eu tomar uma cachaça aqui. Vão abrir mais um processo contra mim, dizendo que estou aliciando a juventude e fazendo propaganda de cachaça. E amanhã vai estar na capa da Veja”, disse.

 

Foto: Ricardo Stuckert

Em Bocaiuva, subiu ao palanque a prefeita Mariza, do PMDB, mas que disse não apoiar o presidente Michel Temer. “Eu apoio o povo. Não apoio golpista que só quer tirar direitos e tudo que conquistamos até agora”.

 

Mariza disse que Lula e Dilma são as maiores autoridades que já pisaram em Bocaiuva, onde a ex-presidenta obteve 72% dos votos na última eleição.

 

Patrus Ananias, deputado federal, ex-prefeito de BH, nascido em Bocaiuva, discursou em nome dos parlamentares presentes. “Há muitos anos que sonho com esse momento. Desde 1989, naquela memorável campanha, tenho o sonho de apresentar Lula a Bocaiuva, e Bocaiuva ao presidente Lula”.

 

Ele citou outros nomes com raízes na cidade, como Hebert de Souza, o Betinho, seu irmão Henfil, “e toda a belíssima família Souza”.

 

Foto: Ricardo Stuckert

Em seu discurso, Dilma lembrou que o PT ganhou quatro eleições consecutivas, e que por isso “a direita brasileira deu o golpe”. “Quando perceberam que iríamos continuar governando para o povo, resolveram nos tirar do poder e usaram a arma mais terrível, que foi fazer o impeachment”.

 

A petista atacou duramente Temer e seus ministros. “Fizeram isso para colocar no poder um bando de corruptos, que usam o cargo para dar vantagens para quem já tem, para ruralistas ricos, para a volta da escravidão”. Ela falou sobre a vergonha de que o golpe representa para o país. “Colocaram o Brasil numa situação de humilhação. Um país que não respeita seu povo, não é respeitado”.

Em Diamantina, cidade abriga um campus da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, o tema dos discursos foi educação. A presidenta da União Estadual dos Estudantes, Luana Ramalho, disse que “estão aqui estudantes que só entraram na universidade graças ao projeto educacional do governo (Lula). Primeiro por trazer o ensino superior público para o interior do Brasil, e depois por ter criado políticas de acesso, como a lei de cotas, o Reuni e a assistência estudantil”.

Foto: Ricardo Stuckert

Depois de se ausentar por dois atos, o governador Fernando Pimentel finalmente apareceu. Em Diamantina, ele cruzou as histórias de Lula e do ex-presidente Juscelino Kubistchek, nascido na cidade. “JK também foi acusado de corrupção, em caso muito parecido com de Lula”, e relembrou que Jucelino foi acusado de ter recebido de presente um apartamento de um empreiteiro na Avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também citou JK. Disse que Lula, assim como JK, “interiorizou” o país: enquanto o mineiro construiu Brasília, o petista levou universidades e centros de ensino para regiões pobres.

 

A presidenta do PT, Gleisi Hoffman, também comparou Lula com JK, Getúlio Vargas e João Goulart, dizendo que todos foram perseguidos. “Todos eles fizeram muito pelo povo e por isso sofreram com a ira dos poderosos e sofreram as consequências”.