“Meia dúzia de pelegos”

Prefeito culpou o Sind-Rede pelo clima tenso e violência policial ocorridos no protesto dos professores de segunda-feira (23/04), na avenida Afonso Pena


Por Lucas Simões

Publicado em 24/04/2018

Foto: Felipe Castanheira/Sindicato dos Jornalistas

O prefeito Alexandre Kalil atribuiu ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede) a responsabilidade pela tensão e enfrentamento entre manifestantes e a Polícia Militar, durante o protesto realizado em frente à sede da Prefeitura, na segunda-feira, na avenida Afonso Pena. Os professores chegaram a fechar parcialmente a avenida e foram reprimidos pela PM com bombas de gás lacrimogênio e jatos de água.

Kalil disse que a manifestação foi promovida por “meia dúzia de pelegos”. Os professores da rede municipal infantil estão em greve e reivindicam equiparação salarial com os professores do ensino fundamental. O prefeito inicialmente repudiou a violência empregada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar contra os professores, mas também criticou a tentativa de fechamento das duas vias da avenida Afonso Pena pelos manifestantes e disse que não vai “permitir a baderna” na cidade.

“Não podemos permitir a baderna se instalar propositalmente por meia dúzia de pelegos, agarrados nos cargos (sindicais) há anos, em detrimento do interesse de uma classe tão importante como a dos professores. Os mesmos estão aí há anos, interessados em candidaturas próprias no fim do ano, como é facilmente identificado”, disse o prefeito.

Apesar de reconhecer a manifestação como legítima, Kalil comentou, em certo tom de ameaça, a possibilidade de repressão a novos protestos que fechem vias públicas. “Essa manifestação é legítima, é democrática e bem-vinda. Tanto que (o trânsito) foi organizado pela BHTrans. Eles (os professores) caminharam de uma forma ordeira até a porta da prefeitura e poderiam estar lá protestando até agora, se quisessem. Mas, fechar uma área hospitalar, impedir o Samu de circular… a população ser arrebentada no trânsito em uma segunda-feira… é isso que não podemos deixar”, disse o prefeito. “Agora, se querem desordem e provocar as cenas que interessam a eles politicamente, todas as vezes que fizerem nós vamos proporcionar a cena para eles”, completou Kalil.

O governo de Minas Gerais se manifestou através de nota, leia na íntegra:

“NOTA À IMPRENSA 

O Governador Fernando Pimentel, tão logo tomou conhecimento dos fatos ocorridos com os professores da rede municipal de ensino no centro de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (23/4), convocou imediatamente no Palácio da Liberdade a cúpula da Polícia Militar para se informar sobre o ocorrido. O governador ouviu os comandantes envolvidos e, então, ordenou a abertura de uma sindicância e que os excessos que venham a ser constatados sejam apurados e os responsáveis punidos.”

Continuidade

Nesta terça-feira (24/04), os professores da rede infantil municipal decidiram manter a greve que afeta, por enquanto, cerca de 75 mil crianças. (leia aqui a matéria sobre a greve e a repressão policial contra os professores: www.goo.gl/1YhkqG).