O realismo fantástico do fascismo
Romance dialoga com tendências contemporâneas ao autoritarismo; lançamento ocorre 1º de setembro no Quixote Livraria e Café
Por Petra Fantini
O avanço no conservadorismo tem sido acompanhado de ações de caráter fascista no Brasil e no mundo. Recentemente, tivemos o ataque sofrido pela vereadora de Niterói Talíria Petrone (Psol) (https://bit.ly/2Pfz12h
), e pixações nazistas na biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Instituto de Geociências (IG), Biblioteca Central (BC) e Ciclo Básico (CB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) (https://bit.ly/2wezVmU).
Neste contexto, obras como Poeirópolis, romance de estreia do procurador mineiro Ricardo Righi, dialogam com os temores do retorno ao autoritarismo ao mesmo tempo em que enlaçam o leitor com referências culturais contemporâneas. No universo de Righi, inspirado em uma viagem do autor à Cuba, a ditadura de uma República Cristã do Brasil enfrenta um Império do Paraná em um “realismo fantástico de matriz latino-americana”, segundo o autor, recheado de registros de músicas, filmes e livros.
O livro será lançado pela Quixote+Do Editoras Associadas em 1º de setembro, na Quixote Livraria e Café (rua Fernandes Tourinho, 274) às 11h. Ele se dedica à literatura desde 2006, e afirma que Poeirópolis possui não só acontecimentos de sua vida, mas também influência dos diversos livros que lê anualmente – o autor conta que tem o compromisso de ler pelo menos um livro de Jorge Amado por ano.
Righi define Poeirópolis como um romance antifascista, político, do absurdo, “que ri da própria desgraça, que não procura encontrar sentido. Também é republicano, pró-democracia, antirracista, assim como eu sou”, diz.
Rollings Stones e Red Hot Chilli Pepers são alguns dos artistas que aparecem na trama e na playlist que o autor montou para ambientar a história (que pode ser acessada neste link: https://spoti.fi/2N36taX). O elemento musical proporciona uma experiência além da leitura, mesmo que diferente de trilhas sonoras. A ideia de fornecer uma playlist aos leitores veio de livros de José Eduardo Agualusa e de Daniel Galera.
Há ainda referências, explícitas ou não, a obras como “Incidente em Antares”, de Érico Veríssimo, e Guerra e Paz, de Tolstoy. Na orelha do livro, o escritor Ricardo Massara Brasileiro define Poeirópolis como “complexo, político, polifônico, multitemporal, surreal, difusamente biográfico e jovial”.
“O romance é uma obra de ficção que veicula reflexões de muitas naturezas. Eu acredito que o tema da religião serviu ao propósito de defesa do Estado laico e não a uma crítica específica a alguma religião. Reflete-se sobre o respeito à diversidade, seja religiosa ou não”, define Ricardo Righi, que é formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em direito público pela Sorbonne de Paris.
Serviço
Lançamento Poeirópolis
Local: Quixote Livraria e Café
Rua Fernandes Tourinho 274
Data: 1º de setembro, a partir de 11h