Quebra a amar

Em um festival de coisas intensas e políticas Mostra de Cinema de Tiradentes proporciona encontros e conhecimentos que marcam a vida das pessoas


Por Rafael Mendonça
(fotos ruins só pela necessidade de mostrar as coisas mesmo)

Publicado em 22/01/2019

 

Foto: Rafael Mendonça

Por uma clara razão de, DAR AQUELAS SORTES NA VIDA, estava aqui em Tiradentes na primeira apresentação das meninas do Quebramar que aconteceu na noite de 19/01. Chamo assim pra simplificar. Vou explicar tudo melhor lá em baixo. Aqui pra deixar os jornalistas “antigos” felizes, me reterei na afirmação principal, ou lead no jargão. Que é a sorte de poder ter visto também a segunda vez na noite de ontem (21/01). E no “pacote” ter vindo também o que a gente poderia chamar de uma “baita crítica social”.

Quando as coisas se tornam decepções com as pessoas e a sociedade um turbilhão de incertezas no futuro no mesmo curto espaço de tempo de algumas horas. Vermos coisas tão distintas quanto a generosidade sonora e pessoal e quase tudo que pode sair do ser humano de ruim e que a gente tanto pensa em como mudar.

Acho que a coisa que mais me ferra no tempos modernos é o desinteresse das pessoas, no geral mesmo, ou talvez o que seja pior ainda é o falso interesse. Aquele momento que na verdade ao mesmo tempo que parece que são/estão antenadíssimos com algumas coisas na verdade o pessoal está atrás é do fútil. Nada contra. Mas para mim deveria sempre vir “acoplado” de algum sentimento mais nobre. Ganhar seu direito ao ócio.

Eu pude ter um momento que olhei para mim e para a minha sociedade e me coloquei a pensar em tudo que nos sujeitamos para ter aquele momento de nirvana.

Vi o vai e vem de almas vazias se não completamente vazias ainda assim cheias de incertezas ou quem sabe certezas demais. Isso é uma coisa que ainda estou pensando.

A gente que quer uma sociedade melhor, mais justa, mais distantes destes valores que estão em moda no país e tanto nos fazem mal. Pensar sobre essa falsa vontade, falso interesse, falsa disposição.

Foto: Rafael Mendonça

Nossa sociedade está inerte e ainda assim deslumbrada, não digo pelo povo do cinema. Que de certa forma já vive em um mundo muito peculiar e particular.

Mas nós todos de uma forma geral que enquanto golfamos slogans como:

NÃO PASSARÃO!

PRIMEIRAMENTE FORA TEMER

ELE NÃO

NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM

Na real a turma passou, ficou entrou e soltou. Ontem vi MUITA gente soltando a mão de alguém. E me fez pensar nisso tudo.

No dia que o Brasil vira de ponta a cabeça, com um dos filhos do presidente muito suspeito de envolvimento com a máfia que toma conta do Rio, com o próprio Bolsonaro jantando sozinho em Davos como mostrado em post do Jamil Chade. A gente aqui em uma mostra de cinema, um polo de pensamento crítico e forte como vi aqui em várias situações só podemos pensar nisso tudo. Por que viramos a sociedade em que o macho, branco no comando não mais levanta a tampa da privada, faz ali mesmo.

E aí cresceu a expectativa. Por que na real muito do que escrevo acima aconteceu e quase me fez perder a oportunidade de ver pela segunda vez as meninas do quebramar.

Foto: Rafael Mendonça

QUEBRAMAR

As meninas do quebramar são na verdade a junção de duas bandas. Obinrin Trio e Manacá me viu pequena. Eles estão no filme Quebramar que passou aqui em Tiradentes. São cinco jovens maravilhosas por 262 motivos. Dos 19 aos 28 que renova sua alegria de viver. Com virtudes e defeitos, com momentos perfeitos que vão da PROFUNDA maturidade à ingenuidade da idade. A emoção passada por elas, cinco mulheres no palco com personalidades tão fortes e distintas. Um poder de expressão que há muito eu não via. E emoção. Acho que a emoção de fazerem o que fazem, da forma que fazem e deixar isso muito claro foi o que mais me pegou. Trabalho artístico sincero.

Foto: Rafael Mendonça

Cabe aqui um elogio muito sério para a Mostra esse ano. A quantidade ABSURDA de trabalhos artísticos sinceros, sérios. Atuantes, políticos e que trazem tudo à tona é um trem muito forte.

Voltando para as meninas, hoje marquei uma entrevista com elas pra publicar em breve e tentar escrever um trem com menos emoção e mais razão. Fazia um bom tempo que um show não me tocava tanto. Conversando com elas depois a gente vê que a emoção e sabedoria não fica só no palco. E isso foi muito bom depois de sentir tudo isso que mandei lá em cima. Foi um conforto a mais que deu um alento.

Guardarei mais e melhores informações sobre elas pra vocês lerem na entrevista em breve. Aqui fica mais como um toque e uma necessidade de soltar a emoção de ontem. Obrigado dia 4, cê foi muito generoso.

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